Projeto prevê a expansão do museu,
que inclui um jardim de esculturas na região metropolitana de Salvador
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR
O Museu de Arte Moderna da Bahia ganhou um
dos mais sofisticados livros para apresentar sua história e seu acervo em cerca de 200
obras, entre as mil da coleção. A publicação, com o preço salgado de R$ 250, vem com
317 páginas, fotos de Mario Cravo Neto e Marcio Lima, além de textos de Heitor Reis,
diretor da instituição há 12 anos, Antonio Risério, assessor do Ministério da
Cultura, e da curadora Denise Mattar.
O livro é, no entanto, apenas mais um passo
para a expansão do MAM baiano. No último mês, segundo Reis, a instituição tornou-se
responsável por administrar o parque de Pituaçu, na região metropolitana de Salvador,
próximo da praia de Itapoã. "Esta área é correspondente ao Central Park, de Nova
York, e iremos organizar lá o maior jardim de esculturas do país", afirma o diretor
da instituição. A proposta é encomendar esculturas para artistas contemporâneos,
nomes, entretanto, ainda não definidos.
A proposta de integração entre arte e
natureza é já uma característica do museu, graças a presença da arquiteta Lina Bo
Bardi, primeira diretora da instituição e principal homenageada no livro que é lançado
hoje.
Foi dela a idéia de recuperar o solar do
Unhão, nome que ficou de um de seus primeiros proprietários, no século 17, Pedro de
Unhão Castelo Branco. O conjunto, composto por uma capela, a casa principal e depósitos,
com a esplêndida vista para a ilha de Itaparica, mesmo junto ao mar foi a sede de uma
fazenda no ciclo de açúcar no nordeste, e chegou a ser uma fábrica de rapé no século
19 e início do 20.
Lina Bo Bardi (1914-1992) foi convidada, em
1959, para criar o MAM baiano, que teve como primeira sede o foyer do teatro Castro Alves.
Grande parte da coleção de arte moderna da instituição, composta por todos os pilares
do modernismo brasileiro, foi obtida por Lina e está reproduzida no livro. Em 1960,
quando viu o solar, então decadente, decidiu lá abrigar um braço da instituição, o
Museu de Arte Popular, que se tornaria a sede do museu, até hoje em dia. É atribuída a
ela a escada da principal sala do museu, que se tornou o símbolo do MAM. Em 1964, Bardi
deixa o Brasil após o início do regime militar.
Outra fase importante da instituição,
segundo Mattar, na nova publicação, tem início em 1991, quando Heitor Reis assume o
museu e restaura novamente o solar do Unhão. "Um momento importante para o MAM foi a
articulação com outras instituições, que possibilitaram exposições como as de Hélio
Oiticica e Lygia Clark, em 1994", afirma Reis.
O diretor criou o Salão da Bahia, um
espaço aberto para a produção emergente. "Optamos por organizar um salão nos
moldes tradicionais, com inscrição em aberto, júri para seleção e prêmio. Com o
sucesso de procura e prestígio do evento, não me sinto seguro para mudar o
formato."
O MAM exibe atualmente a nona edição do
Salão da Bahia, e hoje é lançado também o catálogo com os participantes do salão. O
salão teve 1.697 inscritos e 30 selecionados. Os premiados desta edição são os
artistas André Amaral (RJ) , Ayrson Heráclito (BA), Carlos Mélo (PE), Egídio Rocci
(SP), Mauro Piva (SP) e Paulo Pereira (BA). Todas as obras vencedoras passam a compor o
acervo da instituição, o que, agregando-se aos prêmios dos anos anteriores, compõe a
nova faceta do museu, uma boa coleção de arte contemporânea.
O jornalista Fabio Cypriano viajou a convite do
Museu de Arte Moderna da Bahia
MUSEU DE ARTE MODERNA DA BAHIA. Catálogo que apresenta a história e cerca de 200
obras da instituição. Textos: Heitor Reis, Antonio Risério e Denise Mattar. Fotos:
Mario Cravo Neto e Marcio Lima. Quanto: R$ 250. Patrocínio: Petrobras.
(© Folha de S. Paulo)