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Nação Zumbi mostra em show seu mais sofisticado trabalho

Tiago Queiroz/AE

Nação Zumbi

Os famosos pernambucanos mostram, em São Paulo, as canções de Futura

Flávia Guerra

SÃO PAULO - Hoje (17.03.2006) é dia de show da banda brasileira mais poderosa e influente desde Os Mutantes, do melhor grupo de música popular de 2005 segundo a Associação Paulista de Críticos de Arte, alvo de elogios calorosos da imprensa americana e européia. Em seus 15 anos de estrada, os pernambucanos da Nação Zumbi vêm arrebanhando fãs e reconhecimento por onde passam. Hoje é a vez de passarem por São Paulo, no Citibank Hall.

Mas os donos dos títulos não estão muito preocupados com rótulos. "Não existe o peso de uma grande responsabilidade. Foi muito mais as pessoas que nos incutiram isto", declara em nome da banda o guitarrista Lúcio Maia, apesar de consciente do papel que tem para o cenário musical brasileiro. "A gente aprendeu a ser Nação Zumbi. Por isso, entrar em um estúdio e gravar mais um disco é tão fácil que rola espontaneamente."

Irônica e felizmente, a Nação Zumbi não toca irritantemente a cada cinco minutos nas rádios do País nem na MTV. "A gente tem feito muitos shows, rodado muito, mas, ao mesmo tempo, não tá na mídia. Não temos a preocupação de sermos celebridade", conta Maia.

Um destes tantos shows toma de assalto hoje o palco do Citibank Hall e faz parte da turnê de lançamento do Futura, sem dúvida o mais maduro e sofisticado álbum de sua carreira. Futura é o sexto álbum da banda que chegou a ouvir que estava ameaçada quando perdeu o inesquecível Francisco França, o Chico Science, em 1997. Mas os rapazes souberam se reinventar no melhor estilo de sua psicodelia em preto-e-branco. Com este terceiro disco da segunda fase da banda - que começou com Rádio S.AMB.A. (2000) e se seguiu com Nação Zumbi (2002) - , a Nação prova que não precisa provar mais nada.

Maia e o vocalista Jorge DuPeixe não entregam, mas adiantam que vão tocar músicas que há muito não se ouvia nos palcos da Nação. Quem já ensaiou bem as canções de Futura vai adorar vê-los abrir o show com a poderosa, latina e rítmica Hoje, amanhã e depois. E também vai sentir a diferença que banda deu a cada faixa para poder adaptá-las ao palco. "No disco, tiramos a percussão da cara", explica DuPeixe, autor da maioria das letras. "Foi legal trabalhar os tambores e a percussão em outros níveis. Temos o costume de trabalhar linearmente. Do começo ao fim sempre se ouvia a percussão, a guitarra, o baixo. Agora há músicas em que um instrumento chega mais, em outra chega menos", comenta Maia. Mas na hora do show, as batidas inconfundíveis do maracatu incendeiam o palco. "No show, quebra tudo. Voltamos aos primórdios. Claro que com a carga da nova safra, mas ainda nos mantemos com o velho combo ´percussão, guitarra, baixo e voz´ ", explica o guitarrista, que trabalha Futura desde novembro de 2004.

Esta mudança e outras, como o experimentalismo com instrumentos vintage, coroam a parceria com o produtor nova-iorquino Scotty Hard, que trabalhou com figuras como De La Soul e mixou o disco anterior da banda. "Foi uma busca. Vimos que ele tem uma maneira de trabalhar o estado da arte, criar perspectivas diferentes. Isso é necessário porque acontece antes, não só na hora de gravar. Por isso resolvemos trazê-lo desde o começo", explicam. Os instrumentos vintage, que conferem uma cara única, retrô e futurista ao mesmo tempo a canções como Expresso da Elétrica Avenida, Sem Preço e Na Hora de Ir são um dos trunfos do álbum. "A Trama é um museu de velharias que funcionam. Brincamos à vontade com boogies e filtros, fitas, molas. Tudo que se usava nos anos 60. Ficou natura. Tem uma textura nova", conta Maia.

É ver para crer tudo isso no palco. "Temos muitos lugares para tocar, mas hoje vai ser muito legal porque não tocamos aqui há tempos. São Paulo é um de nossos melhores públicos, talvez o melhor. Nossa casa. E a casa vai cair", promete Maia.

(© O Estado de S. Paulo, 17.03.2006)

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