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Clássicos carnavalescos na voz de Nena Queiroga

10/06/2008

A cantora Nena Queiroga
 

Cantora lança hoje seu segundo álbum, Esse é o meu Carnaval!, que traz repertório de Capiba, Edgard Moraes e Getúlio Cavalcanti, além de composições próprias e parcerias com músicos como André Rio

BRENO LUNA

Provavelmente desde os tempos da pernambucana fábrica de discos Rozenblit, o mercado fonográfico não contava com tantos lançamentos dedicados ao frevo. O centenário do ritmo e a proximidade do Carnaval pautam a agenda de inúmeros artistas locais, que apostam em projetos inspirados no estilo musical. O mais novo trabalho do gênero é o álbum Esse é meu Carnaval!, que a cantora e compositora Nena Queiroga lança hoje às 19h, na loja Passa Disco.

O segundo disco solo da carreira de Nena Queiroga (o primeiro, Xotes e forrós, concorreu na categoria melhor cantora regional no Prêmio Tim em 2006) homenageia grandes clássicos do Carnaval: “Fiz um registro do que escuto e canto como foliã. Eu quero que, assim como eu, cada um se identifique com as músicas e tome para si o título de ‘meu carnaval”, diz a artista.

Boa parte das músicas do álbum está na ponta da língua dos foliões, como Último regresso (Getúlio Cavalcanti), Valores do passado (Edgard Moraes) e o Hino do Galo da Madrugada (José Mário Chaves). Madeira que cupim não rói (Capiba), que já virou lugar-comum em coletâneas de Carnaval, também marca presença no repertório de Nena.

Uma das surpresas do disco é a versão “cantada” da instrumental Duda no frevo (Senô). Na música, Nena simula com a voz o som dos instrumentos de sopro e harmonia, sob o arranjo vocal de Tovinho, fazendo uma releitura exclusivamente vocal do conhecido frevo de rua. “Desde pequena gostava de imitar os sons e queria fazer algo do tipo no CD”, explica Queiroga.

Além de canções consagradas do Carnaval, o álbum conta com algumas músicas inéditas de autoria de Nena e parcerias com outros músicos, como o cantor e compositor André Rio, que também participa cantando a faixa Lembranças de alegria. A lista de participações especiais inclui ainda o maestro Spok, o músico Gustavo Travassos e os grupo A Trombonada e Kukukaia.

Cinco das 12 faixas do disco são pout-pourris de frevos de bloco, canções do Galo da Madrugada e compositores carnavalescos como Alceu Valença. Neste ponto, merece destaque a seleção de músicas de Carlos Fernando, do projeto Asas da América, e de Moraes Moreira, artistas às vezes esquecidos pelo grande público.

No lançamento de hoje, além de autografar os CDs, Nena Queiroga promete também dar uma canja e cantar algumas músicas do novo trabalho.

Lançamento do disco Esse é o meu Carnaval, de Nena Queiroga – hoje, na na loja Passa Disco (Shopping Sítio da Trindade, Casa Forte), a partir das 19h. Entrada franca. O CD estará à venda por R$ 10. Informações: 3268-0888.

(© JC Online)


Alcymar dá contribuição para a renovação do frevo

Mais conhecido como forrozeiro, cantor lança o quarto álbum dedicado ao frevo em um semestre

MARCOS TOLEDO

Quando Alcymar Monteiro começou a carreira gravando um compacto duplo pela gravadora Rozenblit, o frevo tinha apenas 65 anos de idade. Um bebê, na temporalidade da música. A exemplo do forró, carro-chefe de sua carreira, o cantor e compositor, viu o ritmo pernambucano amargar época de desprestígio, sobretudo nos anos 80, apogeu da axé music. Porém, foi naquele período, especificamente em 1985, que o artista gravou seus primeiros frevos. Agora, no centenário, não poderia ser diferente. Na próxima semana chega às lojas seu Frevação vol. 3 (Ingazeira Discos, R$ 10).

O álbum reúne 14 faixas, dez do próprio Alcymar (uma delas, Ó tem som de ú, em parceria com o caruaruense Gilvan Neves, outro autor de forró e frevo). Completam o trabalho músicas de João Bosco & Aldir Blanc (Plataforma, para o intérprete, um “fressamba”), Capiba (Madeira que cupim não rói), Nelson Ferreira & Aldemar Paiva (Frevo da saudade), Antônio Maria (Frevo nº 3 de Recife) e Getúlio Cavalcanti (Atrás do farol). A proposta, segundo o cantor, é “resgatar as músicas que estão no inconsciente e transformá-las”, porém, sem perder a essência.

Nesse momento em que se tenta aproveitar a ocasião do centenário para reoxigenar e dar nova vida ao frevo, Alcymar afirma que sua contribuição para a chamada “modernidade” do ritmo está nos arranjos. Ele menciona que no frevo tradicional a voz disputa acirradamente o espaço sonoro com outros instrumentos, sobretudo metais. O compositor resolveu, então, arranjar seus frevos tais quais outros ritmos nos quais, quando entra a voz, os demais instrumentos reduzem o volume.

“Não é todo o dia que um gênero completa cem anos. Tenho certeza que as novas e futuras gerações gerações compreenderão a necessidade de renovação. Se a gente não mexer com o frevo, ele não se mexe. Talvez o frevo tenha pecado por excesso de zelo, por ficar numa redoma de vidro vendo o tempo passar e não se renovar”, diz o artista, que tem ainda em sua discografia de 42 discos outros três dedicados a esse ritmo. “Agora, jamais vou poder deixar de gravar um disco de frevo por ano”, promete.

Frevação vol. 3, que tem uma dinâmica semelhante aos trabalhos de forró do artista, ainda flerta com ritmos como caboclinho (em Guerreiros do Sol: Fulni-ô), maracatu (Quem canta seus males espanta) e ciranda (o pout-pourri Balancê do balanço/ Ciranda da vida, com participação de Lia de Itamaracá).

O álbum sai com tiragem inicial de dez mil cópias, pelo próprio selo de Alcymar (Ingazeira, nome de sua cidade natal, no Ceará), no mesmo estilo independente que o artista cultiva há mais de uma década. “Quando saí da Warner (1993) para gravar um CD independente, fui chamado de louco. Muitos que ficaram lá sumiram”, recorda. Uma das vantagens, sobretudo para seu público, é que de forma independente ele também garante um preço mais acessível para o CD.

Aos 47 anos de idade, o cantor afirma que tem pressa para tornar reais seus projetos. “Muita coisa boa que podia ter acontecido na cultura e não aconteceu porque as pessoas foram deixando para depois”, acredita. Só neste início de 2007, quando completa 35 anos de carreira, o artista lança ainda o DVD Cultura brasileira, que homenageia sua trajetória, o CD em espanhol Forró brasileño, e a coletânea Festrilhas vol. 1.

O lançamento oficial de Frevação vol. 3 ocorre próximo dia 9, em evento na Livraria Cultura (Paço Alfândega, Bairro do Recife).

(© JC Online)


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