Cantora
lança hoje seu segundo álbum, Esse é o meu Carnaval!, que traz
repertório de Capiba, Edgard Moraes e Getúlio Cavalcanti, além de
composições próprias e parcerias com músicos como André Rio
BRENO LUNA
Provavelmente desde os tempos da pernambucana fábrica de discos
Rozenblit, o mercado fonográfico não contava com tantos lançamentos
dedicados ao frevo. O centenário do ritmo e a proximidade do Carnaval
pautam a agenda de inúmeros artistas locais, que apostam em projetos
inspirados no estilo musical. O mais novo trabalho do gênero é o álbum
Esse é meu Carnaval!, que a cantora e compositora Nena Queiroga
lança hoje às 19h, na loja Passa Disco.
O segundo disco solo da carreira de Nena Queiroga (o primeiro,
Xotes e forrós, concorreu na categoria melhor cantora regional no
Prêmio Tim em 2006) homenageia grandes clássicos do Carnaval: “Fiz um
registro do que escuto e canto como foliã. Eu quero que, assim como eu,
cada um se identifique com as músicas e tome para si o título de ‘meu
carnaval”, diz a artista.
Boa parte das músicas do álbum está na ponta da língua dos foliões,
como Último regresso (Getúlio Cavalcanti), Valores do passado
(Edgard Moraes) e o Hino do Galo da Madrugada (José Mário
Chaves). Madeira que cupim não rói (Capiba), que já virou
lugar-comum em coletâneas de Carnaval, também marca presença no
repertório de Nena.
Uma das surpresas do disco é a versão “cantada” da instrumental
Duda no frevo (Senô). Na música, Nena simula com a voz o som dos
instrumentos de sopro e harmonia, sob o arranjo vocal de Tovinho,
fazendo uma releitura exclusivamente vocal do conhecido frevo de rua.
“Desde pequena gostava de imitar os sons e queria fazer algo do tipo no
CD”, explica Queiroga.
Além de canções consagradas do Carnaval, o álbum conta com algumas
músicas inéditas de autoria de Nena e parcerias com outros músicos, como
o cantor e compositor André Rio, que também participa cantando a faixa
Lembranças de alegria. A lista de participações especiais inclui
ainda o maestro Spok, o músico Gustavo Travassos e os grupo A Trombonada
e Kukukaia.
Cinco das 12 faixas do disco são pout-pourris de frevos de bloco,
canções do Galo da Madrugada e compositores carnavalescos como Alceu
Valença. Neste ponto, merece destaque a seleção de músicas de Carlos
Fernando, do projeto Asas da América, e de Moraes Moreira, artistas às
vezes esquecidos pelo grande público.
No lançamento de hoje, além de autografar os CDs, Nena Queiroga
promete também dar uma canja e cantar algumas músicas do novo trabalho.
Lançamento do disco Esse é o meu Carnaval, de Nena Queiroga –
hoje, na na loja Passa Disco (Shopping Sítio da Trindade, Casa Forte), a
partir das 19h. Entrada franca. O CD estará à venda por R$ 10.
Informações: 3268-0888.
(©
JC Online)
Alcymar dá
contribuição para a renovação do frevo
Mais conhecido como forrozeiro, cantor lança o quarto álbum
dedicado ao frevo em um semestre
MARCOS TOLEDO
Quando Alcymar Monteiro começou a carreira gravando um
compacto duplo pela gravadora Rozenblit, o frevo tinha apenas 65
anos de idade. Um bebê, na temporalidade da música. A exemplo do
forró, carro-chefe de sua carreira, o cantor e compositor, viu o
ritmo pernambucano amargar época de desprestígio, sobretudo nos anos
80, apogeu da axé music. Porém, foi naquele período, especificamente
em 1985, que o artista gravou seus primeiros frevos. Agora, no
centenário, não poderia ser diferente. Na próxima semana chega às
lojas seu Frevação vol. 3 (Ingazeira Discos, R$ 10).
O álbum reúne 14 faixas, dez do próprio Alcymar (uma delas, Ó
tem som de ú, em parceria com o caruaruense Gilvan Neves, outro
autor de forró e frevo). Completam o trabalho músicas de João Bosco
& Aldir Blanc (Plataforma, para o intérprete, um
“fressamba”), Capiba (Madeira que cupim não rói), Nelson
Ferreira & Aldemar Paiva (Frevo da saudade), Antônio Maria (Frevo
nº 3 de Recife) e Getúlio Cavalcanti (Atrás do farol). A
proposta, segundo o cantor, é “resgatar as músicas que estão no
inconsciente e transformá-las”, porém, sem perder a essência.
Nesse momento em que se tenta aproveitar a ocasião do centenário
para reoxigenar e dar nova vida ao frevo, Alcymar afirma que sua
contribuição para a chamada “modernidade” do ritmo está nos
arranjos. Ele menciona que no frevo tradicional a voz disputa
acirradamente o espaço sonoro com outros instrumentos, sobretudo
metais. O compositor resolveu, então, arranjar seus frevos tais
quais outros ritmos nos quais, quando entra a voz, os demais
instrumentos reduzem o volume.
“Não é todo o dia que um gênero completa cem anos. Tenho certeza
que as novas e futuras gerações gerações compreenderão a necessidade
de renovação. Se a gente não mexer com o frevo, ele não se mexe.
Talvez o frevo tenha pecado por excesso de zelo, por ficar numa
redoma de vidro vendo o tempo passar e não se renovar”, diz o
artista, que tem ainda em sua discografia de 42 discos outros três
dedicados a esse ritmo. “Agora, jamais vou poder deixar de gravar um
disco de frevo por ano”, promete.
Frevação vol. 3, que tem uma dinâmica semelhante aos
trabalhos de forró do artista, ainda flerta com ritmos como
caboclinho (em Guerreiros do Sol: Fulni-ô), maracatu (Quem
canta seus males espanta) e ciranda (o pout-pourri Balancê do
balanço/ Ciranda da vida, com participação de Lia de Itamaracá).
O álbum sai com tiragem inicial de dez mil cópias, pelo próprio
selo de Alcymar (Ingazeira, nome de sua cidade natal, no Ceará), no
mesmo estilo independente que o artista cultiva há mais de uma
década. “Quando saí da Warner (1993) para gravar um CD
independente, fui chamado de louco. Muitos que ficaram lá sumiram”,
recorda. Uma das vantagens, sobretudo para seu público, é que de
forma independente ele também garante um preço mais acessível para o
CD.
Aos 47 anos de idade, o cantor afirma que tem pressa para tornar
reais seus projetos. “Muita coisa boa que podia ter acontecido na
cultura e não aconteceu porque as pessoas foram deixando para
depois”, acredita. Só neste início de 2007, quando completa 35 anos
de carreira, o artista lança ainda o DVD Cultura brasileira,
que homenageia sua trajetória, o CD em espanhol Forró brasileño,
e a coletânea Festrilhas vol. 1.
O lançamento oficial de Frevação vol. 3 ocorre próximo dia
9, em evento na Livraria Cultura (Paço Alfândega, Bairro do Recife).
(©
JC Online)