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Relembrando Chico Science, que morreu há dez anos

 Chico Science
 

MARCELO NEGROMONTE
Editor de UOL Música

Há dez anos, às 18h30 de 2 de fevereiro de 1997, Chico Science, 30, batia seu Fiat Uno branco em um poste no Complexo de Salgadinho, na divisa de Recife e Olinda. Às 20h, dava entrada no hospital da Restauração, na capital pernambucana, já morto.

Morria ali um pouco dos anos 90, morria o artista que colocou rios, pontes e overdrives na música brasileira e movimentou o Brasil com o mangue beat (ou mangue bit), último acontecimento musical --e além-- relevante e consistente do país.

Chico Science, com sua banda Nação Zumbi e com Fred 04, vocalista da banda mundo livre/sa, encravou a antena parabólica na lama no começo dos anos 90 em Recife, "a quarta pior cidade do mundo". Em 1992, 04 e o jornalista Renato L escreveram o manifesto "Caranguejos com Cérebro", carta de intenções dessa turma pernambucana que viria a influenciar muitas outras de norte a sul do país.

Em 1994, veio "Da Lama ao Caos", primeiro álbum de Chico Science & Nação Zumbi, que colocava tecnologia no artesanal, rock no maracatu, hip hop na embolada, como se tudo isso já estivesse unido há décadas. Esse é um dos discos mais originais já lançados no Brasil em todos os tempos: era o novo criativo que se apresentava com um sólido movimento cultural a reafirmá-lo.

Nesse mesmo ano, o mundo livre/sa inseria punk no samba com o disco de estréia, "Samba Esquema Noise". Estava aí um cenário tão fértil quanto o próprio mangue, ecossistema ao qual estão associados cerca de 2.000 espécies de microorganismos e animais, como diz o manifesto.

O álbum "Afrociberdelia", de 1996, reforçava o teor tecnológico, "internético", computadorizado do disco anterior, com "Manguetown", a versão definitiva de "Maracatu Atômico" e "Etnia".

Do caldo que se formou em Pernambuco à época, Mestre Ambrósio, Eddie, Otto, DJ Dolores, Devotos, Cordel do Fogo Encantado e muitos outros nomes têm relação estreita com o mangue beat ou são ligados a ele por derivação e influência. Deram "um passo para frente e já saíram do lugar", parafraseando Chico.

Assista aqui a "O Mundo É uma Cabeça" (2004), documentário em curta-metragem de Cláudio Barroso e Bidu Queiroz, com entrevistas com Chico, Fred 04, Otto e outros "mangueboys".

Nação Zumbi
No ano seguinte à morte de Francisco de Assis França, o Chico Science, é lançado o álbum duplo "CSNZ", coletânea de 21 músicas, sendo quatro inéditas, mais remixes e versões ao vivo.

Sem Chico, a Nação Zumbi segue firme e com destaque há dez anos, sem se apoiar na figura do antigo líder, mas dando-lhe a devida reverência. A banda de Jorge du Peixe, do excelente guitarrista Lúcio Maia, mais Pupilo, Bola Oito e cia. lançou mais três álbuns depois de "CSNZ": Rádio S.amb.a" (2000), "Nação Zumbi" (2002) e "Futura" (2005).

O grupo já afirmou que não vai participar de nenhuma "homenagem" aos dez anos de morte de Chico. Os membros preferem comemorar a data de nascimento do cantor, em 13 de março

(© UOL Música)


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