Ao completar 89 anos, Dorival Caymmi lembra momentos de uma história
que se confunde com a própria história da música brasileira
Por Gal Rocha
A fama de preguiçoso
ele atribui à música João Valentão, que demorou quase uma década para ser
concluída. Aos 89 anos, Dorival Caymmi vive no Rio de Janeiro, numa rua arborizada de
Copacabana, a três quadras de distância do seu cantado e amado mar. Muito gentil e
solícito, ele recebeu CartaCapital para esta entrevista em seu gabinete e se
desculpou: era dia de arrumação da sala. Vaidoso, quer saber se a roupa está boa para a
foto e aceita com disposição todas as sugestões da fotógrafa. Caymmi mostra fotos da
família, se diverte com o nome engraçado de uma tia e mostra a coleção de bengalas.
A primeira foi dada pelo Carybé. No final, acompanha as visitas até a porta
e agradece por ter sido escolhido para a entrevista.
CartaCapital: Seu bisavô veio da Itália para trabalhar no Elevador Lacerda, um dos
símbolos de Salvador. Duas gerações depois, o senhor, com seu jeito de ser, de compor e
de cantar, imprimiu uma imagem da Bahia.
Dorival Caymmi: É verdade... Meu
bisavô, Enrico Balbino Caymmi, veio trabalhar no reparo do Elevador Lacerda, acrescentar
alguma novidade, botar aquele sabor europeu. É verdade... A gente não tem como explicar.
É espontâneo, acontece e a gente até descobre coincidências depois. Olha como
isto parece com aquilo, não tem intenção... Bela coincidência, isso é que é
verdade. A expressão é essa.
CC: O senhor é tido como um grande contador de
histórias. Conte-nos como foi o início no Rio, na pensão da dona Julieta.
DC: Eu desejei conhecer e, possivelmente, começar minha
vida no Rio de Janeiro. Foi com a ajuda de parentes de minha mãe, principalmente. Por
exemplo, o José Brito Pitanga, jovem ainda e que era funcionário de uma clínica na rua
São José, a Clínica Doutor Gouveia. Fui recomendado a ele, que me botou na pensão de
dona Julieta, no meio de estudantes e comerciários e fiquei por ali, gostando muito.
Cheguei aqui dia 4 de abril de 1938. Já gostava e já tinha tido emprego na imprensa,
tinha 24 anos de idade por completar naquele mês mesmo. Instruído por José Pitanga,
amparado por ele na pensão e tal, com bom comportamento, boa educação que recebi, fui
fazendo bicos na imprensa. Lá disseram: Eu soube que você é de música, aqui é a
terra de rádio e futebol, gente brincando, fazendo piada. E assim eu fui para a
revista O Cruzeiro, apresentado a um funcionário de categoria, que me apresentou
ao diretor da Rádio Tupi, da organização do doutor Assis Chateaubriand. No dia 24 de
junho de 1938, ano em que cheguei, eu estreei, sem contrato, na Rádio Tupi do Rio de
Janeiro, cantando umas duas canções e fiquei sob a guarda da Tupi. Lá diziam: Não
cante para ninguém, não assine compromisso, a nossa situação não é boa, mas vai
melhorar, então você será contratado. E aí continuei essa carreira de cantor, de
compositor-cantor, e estou até hoje... Agora eu não canto tanto (risos).
CC: O reconhecimento chegou com O Que É Que a Baiana
Tem, cantada por Carmen Miranda...
DC: A canção foi feita naquele mesmo ano de 1938, eu
estava na pensão quando me lembrei de uns versinhos que tinha feito na Bahia... O
que é que a baiana tem/o que é que a baiana tem? e foi saindo a canção.
Lembro que, um pedaço que gostei, fiz na escada da pensão da dona Julieta. Então eu fui
compondo e em poucos dias tinha feito a música. Como já estava cantando no rádio, a
Tupi abriu mão para eu ir para a transmissora. Cantava dois dias por semana e mais aos
domingos, no programa do Dragão da Rua Larga, que era muito famoso, na rua
Marechal Floriano. Muita gente ficou curiosa: Que beleza, que é isso? Aí
passei a ficar notado e apresentaram meu nome no jornal com destaque: É um cantor
novo que faz umas coisas da Bahia, umas coisas muito gostosas. Por causa dos
balangandãs, por causa da palavra, não sabe? Muito curiosa e tal... Então uma empresa
de cinema me perguntou se queria ceder a música, que a Carmen Miranda iria cantar, por um
cachê de cem mil-réis. Fiquei de ensinar a música a ela.
CC: O senhor ensinou a Carmen a fazer os trejeitos também...
DC: Os trejeitos ela já tinha vocação, agora, para
descrever o traje, fiz para ela o ponto, como se diz em teatro. O ponto é aquele que
indica. Fui descrevendo o torso, o turbante que as baianas botam na cabeça, fui
descrevendo com os gestos do lado de trás da câmera, para ela cantar a música com os
gestos combinando. Ah! Ficou formidável, fiquei encantado.
CC: O que se deu daí por diante?
DC: Aconteceu uma surpresa muito importante: isso fez com
que uma outra faixa da sociedade me visse. A senhora do presidente Vargas, a Darci Vargas,
fazia um espetáculo de caridade anualmente, e o tema que escolheram foi exatamente aquele
tema da minha música quem não tem balangandãs não vai no Bonfim, então
ficou sendo Juju e Balangandãs o título que deram à peça. Juju é bijouteria
francesa e balangandãs, baiana, afro-brasileira. E assim, menina, foi um sucesso que até
eu fiquei surpreendido. Fiquei morando na pensão, mas o diretor da Rádio Tupi, que já
era meu amigo, me convidou para morar no apartamento dele na rua do Passeio, também no
centro da cidade e eu aceitei porque ele tinha perdido o parceiro no pagamento do aluguel.
Eu gostava dele e ele de mim, éramos amigos.
CC: Foi então que conheceu dona Stella?
DC: Conheci-a num domingo, num programa de calouros da
Rádio Nacional. Achei ela muito bonitinha, tinha por volta de 17 ou 18 anos e cantou uma
música linda. Eu pensei que ela fosse cantar uma música do cinema americano ou uma
música clássica, pelo tipo físico. Não, ela cantou uma música do Noel Rosa muito em
moda e muito querida, O Último Desejo. Fabulosa! Cantou de maneira encantadora,
fiquei apaixonado. Isto em 1939.
CC: Doralice, Marina, Adalgisa, Dora, Juliana, Anália... O senhor era mesmo terrível
com esse negócio de mulher, como já disse dona Stella?
DC: Ah, sim (risos). Eu gosto muito do assunto. O
assunto em geral, da canção popular e da clássica, ou dramático, ou cômico, ou o que
seja. Sempre a mulher é um ponto vital e central. Eu gosto muito.
CC: Antonio Risério fala sobre as mulheres de suas músicas, em seu livro Caymmi:
Uma Utopia de Lugar. Curtidas, caladas, passivas, ao mesmo tempo que
conhecem o poder que têm. O que poderia ser acrescentado ou tudo já foi
dito?
DC: Eu acrescentaria o seguinte: o tema mulher é lindo
em canto pessoal. Já vem com ela, a beleza, racional, natural, é o destaque, o som da
voz, falando, cantando... o encanto pessoal, a maneira de falar e o modo de ser. Eu acho
que a mulher é uma figura que reúne muitas qualidades importantes e boas, bonitas,
gostosas. Sempre achei que mulher é um ponto vital da humanidade. Sem a mulher o mundo
não anda. Aliás, o mundo não. O sistema solar não funciona.
CC: Oração de Mãe Menininha é vista como uma música que deu ao candomblé a real
dimensão da cultura afro-baiana, mas houve uma época em que, mesmo o senhor já sendo
quem é, algumas pessoas interpretaram como uma forma de promoção pessoal. O senhor
guarda alguma mágoa desse episódio?
DC: Não, não, em absoluto. Eu sei que muita gente disse
até: Olha, esse cara fez uma canção falando de Mãe Menininha, tá cheio do
dinheiro e não deu um tostão a ela. De fato, Mãe Menininha não estava precisando
de dinheiro, era uma senhora de comportamento muito bom. Conheci ela na Bahia, era uma
pessoa religiosa, respeitável e professava sua religião com dignidade, tinha família,
filhos. E, fora da religião, era uma pessoa muito agradável, uma boa conversa, uma
companhia muito agradável. De modo que eu fiz amizade com ela, indo à Bahia com
constância, porque eu tinha parentes lá, passava férias, levava a família e ao mesmo
tempo trabalhava. Pois bem, fiz amizade com Mãe Menininha como Jorge Amado fez, como
Carybé fez e outras pessoas que nem eram residentes na Bahia e foram chegando, querendo
conhecê-la já antes de mim. Era um nome conhecido na religião e no folclore baiano.
Aproveitei a amizade e me inspirei nela e fiz uma oração, em termos de oração, em
sentido de oração, como diria Noel Rosa. Fiz uma canção para ela. Não tinha interesse
financeiro, nem pensava em sucesso popular. Quando saiu no disco é que começou a ser
popular e começaram aquelas más-línguas, tudo que acontece na vida, né? Mas nada disso
me toca, nem me fere, não tenho mágoa dessas coisas, nem reparo nisso, nem olho.
CC: Como o senhor chegou ao candomblé?
DC: Por curiosidade, pela família. Meu pai, por exemplo,
freqüentava por curiosidade, por amizades feitas com pessoas que eram realmente radicadas
no candomblé, então era convidado a assistir a festas, cerimônias religiosas. Ele tinha
muitos amigos, inclusive colegas de repartição. Todo sujeito de bom gosto tinha
curiosidade, muita gente estrangeira vinha para conhecer o candomblé. A influência negra
na América do Sul, na América do Norte. É o caso de Pierre Verger. Muita gente estudou
a religião negra na Bahia, vinha passar temporadas. Americanos, ingleses, franceses,
italianos e tal. Roger Bastide, por exemplo, francês. Carybé era argentino. Foi acabar
gostando da Bahia.
CC: O senhor é Obá de Xangô. Que características
desse orixá o senhor reconhece como sendo suas?
DC: Eu recebi o título completo Obá Onicoií. A minha
semelhança foi vista primeiro pela Mãe Senhora (do Axé Opô Ofonjá). Qualidades como
seriedade, princípios morais, energia, amor à cultura, justiça, características de
Xangô. Tem até uma oração católica que diz: Senhor, no início desse dia venho
pedir saúde, força, paz e sabedoria. A sabedoria é um dos princípios de Xangô.
Eu citei para lembrar da palavra que precisava achar, sabedoria.
CC: Como surgiu a amizade entre o senhor, Jorge Amado e Carybé?
DC: Carybé foi uma amizade que começou no Rio. Mal
cheguei, a Carmen Miranda, que já tinha se tornado minha amiga, me deu entrada para o
próximo baile de carnaval, baile do Flamengo. Estava dançando e me apresentaram a ele.
Já conhecia alguma coisa dele publicada. Carnaval de 1939. Jorge Amado, no mesmo ano.
Fomos apresentados na avenida Rio Branco, perto do Teatro Municipal. Estava caminhando na
rua e um sujeito disse: Um patrício seu, o escritor Jorge Amado. Ficamos
amigos por muito tempo, aqui no Rio e na Bahia. Eu passei uma temporada boa na Bahia...
Tinha casa na Bahia e no Rio de Janeiro e ele a mesma coisa.
CC: O senhor vai a Salvador com freqüência?
DC: Sempre que posso. Agora, há alguns anos que não vou
lá. Fui operado, estive doente, aquela coisa de mudar de estilo de vida. Fui em 1995. Em
1994, fiz 80 anos e em 1995 a Odebrecht organizou uma festa porreta, no Othon Hotel, 60
anos da Odebrecht. Foi comemorado em dois dias e eu cantei no show, levei meu pessoal
todo. Todo mundo que eu convidasse e a Odebrecht aceitasse. Avião cheio. Trabalhei dois
dias, o resto, fiquei passeando. Percorri o Bonfim, matei as saudades... Eu gosto da
Bahia... Eu amo mesmo. Eu vejo diferença, transformo tudo na cabeça na hora. Certa vez,
houve uma lambança lá por causa de uma árvore com mais de cem anos que iam cortar no
Campo Grande, para passar aquele túnel. Aí foi um bode danado. Celestino, Carybé, todo
mundo disse: Não corta! Fizeram o negócio sem tirar a árvore.
CC: Hoje em dia, o senhor fica mais no Rio ou em Rio das Ostras?
DC: Fico mais no Rio. Porque sou viciado em Rio de
Janeiro, desde 1938. Agora, tenho meu xodó pela Bahia. Gosto de Minas, da cordialidade
rural. É muito mais repousante do que a Bahia, do que o Rio, do que tudo. Lá é que é
lugar de repouso. Você respira outro ar, outra vida. Minas coopera com sua saúde. E Rio
das Ostras é uma continuação de Copacabana. Nos anos 70, quando fomos para lá,
podia-se pescar à vontade. Agora, a população aumentou de tal jeito... A graça de
quando chegamos lá era a pesca. Minha mulher é apaixonada por pesca. Hoje, você nem vê
a praia de tanto guarda-sol. Rio das Ostras perdeu um pouco do encanto.
CC: O senhor disse que não era um pintor de domingos,
mas que também não é 100% pintor. Que lugar a pintura ocupa em sua vida?
DC: Agora estou com a vista mais deficiente, mas pintei
muito. A pintura ocupou uma parte da minha vida quase que organizada, porque eu tinha um
recanto para o material de pintura e, naqueles dias em que não trabalhava, estava no
cavalete pintando. Dias em que não tinha trabalho fora, não precisava viajar ou estar
ensaiando nas estações de televisão e rádio, eu estava pintando. Eu tinha vocação
para retratos e paisagens. Fiz muito, dei, vendi alguns em exposições, participei de
exposições pelo Brasil afora, em São Paulo, em Minas, em vários lugares.
CC: Como aconteceu sua iniciação musical?
DC: Minha iniciação musical foi em criança, ouvindo
parentes que tocavam piano, principalmente. E meu pai, que tocava bandolim, piano e
violão amador. Então eu estava acostumado a ouvir, em casa, mamãe cantando, gostava de
cantar, papai tocando bandolim, tocando violão, tocando umas polcazinhas de piano. Nós
não tínhamos piano em casa, mas as minhas tias do lado Caymmi sempre tinham. Era chique
ter piano em casa.
CC: Que tipo de música ouvia?
DC: A música do tempo de papai. Era aquele tipo chamado
tango brasileiro, aquele tipo de chorinho. Ele tocava no piano, dava uns nomes engraçados
e compunha aquilo e tal... Bom, depois ele tocava bandolim. Nunca soube solar, nem toquei
piano. Não sei tocar bandolim, cavaquinho, nada. Não sei. Eu só sabia tocar violão e
aprendi no violão dele. Quando eu dava os acordes que me ocorriam, ele dizia: Puxa,
aí tá errado. Esse dedo não é aí não, esse dedo está desafinado. É que eu
já tinha tendência a alterar. Alterar sétimas e nonas, enfim. Coisa de música... Não
sei se por instinto, minha música toda modernazinha. Ele era do estilo da terra, antigo.
CC: Aos 89 anos de vida e quase 70 compondo...
DC: (Risos) 89 anos, feitos no dia 30 de abril. A
composição começou a surgir na infância, a idéia de fazer, de aprender, de gostar de
música, ouvindo no fonógrafo, depois na vitrola, depois fui fazendo umas coisinhas até
que eu descobri que aquilo era compor música. Não tinha indústria de música na Bahia,
principalmente na minha infância.
CC: Inspiração é algo que vem espontaneamente ou vem com muito trabalho e
dedicação?
DC: Espontaneamente. Eu nunca consegui fazer nada que não fosse assim. João Valentão,
que me deu fama de preguiçoso, foram nove anos para completar. Porque eu fui fazendo
inspirado num pescador de Itapuã, veraneio, né? De apelido Carapeba, que é o nome de um
peixe. Quando cheguei num pedaço, eu parei porque tive dúvida, mas deixei de lado, não
foi porque eu fiquei lutando para acertar, não, deixei de lado. Um belo dia, resolvi,
completei por acaso, no ônibus. Aí disseram: Caymmi demorou nove anos para fazer uma
música, já teve quem botasse 50. Para fazer piada... (Risos.)
CC: Passar anos burilando melodias e versos pode ser uma característica
baiana, como têm o senhor e João Gilberto, por exemplo?
DC: Olha, tem muito de coisa baiana pelo comportamento e
pela forma de ser da cidade, que é diferente de outras. Pelo menos na minha vida lá,
até os anos 40, eu indo com constância, eu diria que a Bahia era muito diferente das
outras capitais que eu conheci, dos outros lugares. De características próprias, praias
próprias, comidas próprias. Isso me influenciou muito. Me deu um canto especial. É uma
beleza... Acho que isso influi na vida do baiano. Nas artes, então, influi muito.
CC: O que o senhor tem ouvido ultimamente? O que tem achado da produção musical
brasileira?
DC: Eu não estou achando a música brasileira parecida
com o gênero que eu trabalhei. Mudou muito, as gerações mudam, vem uma geração jovem,
vêm formas de trabalho diferentes, instrumentos diferentes, tudo diferente e vem a
novidade da comunicação. Entrou a televisão, melhorou o rádio, que agora já está
mais fraco, o teatro tomou outro aspecto... Tudo mudou, é natural da vida. Estou
habituado com a música da minha época... Mário Lago, Noel Rosa, Pixinguinha, Ary
Barroso... Olha, era tanta gente boa pelo Brasil todo, vinham todos para o Rio, o centro
comercial e industrial da música.
CC: E a música baiana, em particular?
DC: A música baiana que eu adorava era a música de rua, que eu conheci pequeno, aquelas
cantigas de festa na rua, a festa da Conceição da Praia, a festa do Bonfim, a festa do
Rio Vermelho, essas coisas assim sempre me interessaram porque eram diretas do povo,
comunicando, produzindo, inventando, compondo a esmo e bonito. Muita coisa que ficou, que
continua, que é de uma época bem longínqua, é música do povo, essa é a verdade.
Agora não tem muita influência não, tem palavras muito parecidas, assuntos parecidos,
para mim é tudo igual. É boa para a exibição de palco, de televisão, não é?
CC: Caetano Veloso afirmou que toda a bossa nova foi influenciada pelo senhor, pelos
acordes dissonantes que descobrira, mas que o senhor não teve mestres. Concorda?
DC: Todos eles dizem que tem minha influência no
princípio da bossa nova, reconheço alguma coisa, sem vaidade. E, concordo, não tive
mestres. Eu tive um certo cuidado em não copiar o que os outros já fizeram, isso ajuda
muito. Ser original, né?
CC: Sua filha, Nana, está lançando um disco com músicas suas, o que achou da
homenagem?
DC: Tem um disco na praça muito bonito e músicas que
participam de novelas de televisão. É uma homenagem discreta, mas bonita, porque vem do
meu sangue, somos amigos e é bonita essa união familiar.
CC: E o mar?
DC: Ah! Eu gosto do mar! No tempo de mais moço, amigo de
Carlinhos Guinle, que tinha um barco possante, gostoso, a gente só usava o motor para
sair do Iate Clube. Saía, abre vela... Quando cheguei na Bahia, encontrei um parceiro que
pegou um saveiro da Costa de Camamu e transformou numa escuna formidável e bonita! Com
tanta vela que eu nunca vi! Eu até me inscrevi numa volta ao mundo. Pra quê? Minha
mulher disse: O quê?! Vai dar volta ao mundo com o Lelis? Aí fiquei
arrepiado. Isso vai dar coisa... Então não fui.
(© Revista Carta Capital)