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Batuque Usina é habitué na França

Batuque Usina

Grupo recifense viaja para a Europa, pela terceira vez em um ano, onde fica por dois meses e meio para realizar shows e ministrar oficinas de percussão

MARCOS TOLEDO

   No dia 8 de junho de 2003, o percussionista Wilson Farias (ex-Cascabulho), integrante do projeto Bate o Mancá, de Silvério Pessoa, inaugurava um centro cultural no bairro do Poço da Panela que tinha como objetivo de oferecer atividades extra-escolares às crianças e adolescentes das comunidades carentes da Zona Norte do Recife. O espaço, que ganhou o nome de Usina, tinha como padrinhos principais os cantores Silvério e Lula Queiroga, além de outros músicos da cena.

   Passados dois anos, o principal fruto do Usina mostra resultados surpreendentes. Das oficinas de percussão – ministradas pelo próprio Wilson na escola estadual Padre João Barbosa, no Morro da Conceição, e que ganharam um espaço próprio no Poço da Panela –, surgiu o grupo Batuque Usina, formado por sete jovens do mesmo morro e do Alto José do Pinho. Conjunto que, neste sábado, viaja para sua terceira turnê em um ano na França, onde permanece por dois meses e meio tocando e ministrando oficinas.

   A casa no número 254 da Rua Tapacurá chegou a oferecer oficinas de artes plásticas, fotografia, educação ambiental e capoeira, mas o que pegou mesmo foi a percussão. Entre os participantes, destacaram-se sete alunos, que foram convidados por Wilson para formar o Batuque Usina. Alguns dos integrantes, como Jorge Anselmo (Ló), Jairo Rodrigues e Luiz Carlos Teixeira mostraram cedo o profissionalismo e já atuaram em trabalhos de músicos experientes da cena local, como os cantores Silvério, Ortinho e Josildo Sá, e a banda Mombojó. Entretanto, todos os sete componentes têm hoje o Batuque como prioridade e abriram mão de projetos paralelos.

   “Isso fortalece mais minha cultura”, afirma Ló. “Tem gente que mora em Casa Forte e não sabe o que é música. Moro na periferia e conheço. As pessoas quando querem músico bom, vão na periferia”, diz o percussionista. A exemplo dele, todos reconhecem a origem pobre, mas fazem questão de se apresentar como “fulano de tal, músico”. É nítida a vontade de expressar que as dificuldades, a cada dia, vão se tornando um problema do passado. A origem de cada um, por sinal, contou também pontos a favor. Vale lembrar que alguns do membros do Batuque vêm de família de terreiros de ritos africanos.

   No início, os instrumentistas – que se revezam em todos os instrumentos, dos tradicionais tambores, caixa e zabumba a bacias de alumínio e conduítes – expressaram suas experiências e referências musicais: samba, samba-reggae, coco e maracatu. “A gente fez a junção do grupo e dos ritmos”, explica Luiz Carlos. Logo, desenvolveram um estilo próprio de tocar, que batizaram de Samboque, nome de uma das músicas do conjunto.

TURNÊS

   O grande passo inicial na carreira do grupo, depois da formação e apresentação ao público do Estado, foi a primeira turnê internacional, de março a abril do ano passado. Na oportunidade, ficou duas semanas em Paris, acompanhado de Wilson Farias, onde realizou três shows, além de oficinas e palestras em escolas.

   Na segunda turnê na França, no fim do mês passado, o passou mais duas semanas. O Batuque já viajou sem a companhia de seu mentor. Lá, participaram dos shows de Chico César e de Silvério e mais workshops. Luiz Carlos acredita que o interesse dos europeus em seu grupo, cujo prestígio no exterior parece ser maior do que em Pernambuco, deve-se ao fato de lá serem exceção. “Aqui, tem vários”. Ainda assim, acha que a formação diferenciada também chama a atenção.

   “Agora, a gente está indo pela terceira vez para a Europa e sem ter nenhum CD. Isso é muito difícil”, ressalta Ló. Nessa oportunidade, o grupo estende sua participação a mais 13 cidades (incluindo uma na Bélgica), além de Paris.

   E o Batuque Usina anseia por muito mais. Além de nova viagem à Europa, prevista para outubro, pretende gravar o primeiro álbum ainda este ano, e recrutar novos integrantes, como Cleyson ‘De Menor’ Vieira, 19 anos, que já ensaia com a banda. “O Usina é feito uma escada: vai crescendo”, diz Ló. “A gente quer, um dia, fazer uma orquestra e montar filial do Usina na França”, revela.

JC Online)


O trupé do coco no Rio e São Paulo
Publicado em 14.05.2005

Cada vez mais badalado, o grupo Coco Raízes de Arcoverde começa a ficar pequeno para sua cidade natal, e vai levar sua música em setembro para a Europa

JOSÉ TELES

   Trazido de Alagoas na década de 40, o coco fincou raízes em Arcoverde, onde tomou um formato bem original, com o primeiro grupo surgindo em 1945. Com alguns acidentes de percurso ao longo desses 60 anos, o Coco Raízes de Arcoverde continua cada vez mais vivo, e prestigiado. Depois de dois discos, elogiados pela críticos e bem aceitos pelo público, participações em festivais, tornado-se um dos símbolos de Arcoverde, o grupo ganha o mundo este ano, incluído na programação do Ano do Brasil na França, onde faz uma série de apresentações em setembro. Uma dessas na festa pernambucana, no complexo cultural de La Villette, em Paris, comemorando a Independência do Brasil.

   Uma prévia do que verão os franceses, o Coco Raízes de Arcoverde mostrará para cariocas e paulistas na próxima semana. Os coquistas viajam amanhã para o Rio, onde farão dois shows, segunda e terça, no Teatro Rival Petrobras. Uma equipe de filmagem registrará as apresentações para um documentário (dirigido pelo carioca Pedro Paulo). Será a estréia do Raízes de Arcoverde no Rio.

   Convidados para o Projeto Rumos no Itaú Cultural, o grupo toca pela segunda vez em São Paulo, como atração do projeto na quinta-feira. Na sexta finaliza a mini-excursão com um workshop na Vila Madalena, no Teatro Brincantes, de Antônio Nóbrega.

   O Coco Raízes de Arcoverde viaja com uma formação compacta, de dez integrantes, entre os quais Assis Calixto, 60. Ele samba coco com o grupo desde a primeira formação: “Com oito anos eu já fazia parte das festas, que aconteciam em casas. Depois que o pessoal construía as casas, dançava coco no piso da sala. Naquele tempo Arcoverde era pouco mais do que um povoado e ia muita gente assistir a essas festas”, relembra Assis Calixto.

   Foi com essas sambadas de coco para amassar o barro do piso das salas que eles aperfeiçoaram o trupé (corrutela de “tropel”), a percussão com tamancos, que caracteriza o grupo arcoverdense, e o diferencia do coco do litoral. O Raízes também é responsável por utilizar instrumentos até não utilizados no coco, como o surdo, o pandeiro e o triângulo: “Antes da gente o coco aqui era cantado somente com ganzá”, diz Assis Calixto.

   Parado por alguns anos, a atual fase do Coco Raízes de Arcoverde começou em 1992, incentivado por Lula Calixto, exatamente na época em que se revalorizava a cultura popular, com o manguebeat, cujo eco alcançou o interior (chegou até a Petrolina, onde gerou um efêmero movimento carranca beat). Em Arcoverde levou jovens a participar dos ensaios do Raízes de Arcoverde, entre estes estava Lirinha, que depois formaria o Cordel do Fogo Encantado, hoje uma das mais bem-sucedidas bandas pernambucanas. Assis Calixto, diz que o coco ainda não é tão prestigiado em Arcoverde quanto deveria ser: “Santo de casa não faz milagres, mas a gente está sempre sendo chamado para apresentações. No São João mesmo estamos com seis shows marcados , um no palco principal, e o resto nas Barracas Culturais”. O sucesso do Coco Raízes de Arcoverde fez nascer outros grupos assemelhados, os grupos Raízes Negras, Irmãs Lopes, e Aliança.

JC Online)


Eddie coroa 15 anos de carreira com turnê européia
Publicado em 14.05.2005

   Correndo por fora da raia, a Eddie marca presença no Ano do Brasil na França, mesmo sem ter sido incluído na programação oficial do evento: “Foi o resultado de um trabalho feito no ano passado, mandando discos e material da banda para produtores na Europa. A Eddie está indo na tora, sem ajuda oficial alguma, só com os contratos esses produtores”, diz Leo Salazar, jornalista que assessora a banda. O fruto deste trabalho resultou em uma turnê que vai de 22 de maio a 26 de junho, começando pelo Festival Brasil Noar, em Barcelona, e terminando na praia de Marbella, também na Espanha. Entre uma e outra data a Eddie vai mostrar o rock de Olinda em Londres, na Holanda, em Marselha e Paris.

   Esta será a primeira turnê internacional da banda em 15 anos de carreira, mas não a primeira viagem ao exterior. O disco de estréia do grupo, lançado pela Roadrunner, foi gravado nos Estados Unidos. Para Fábio Trummer, guitarrista e vocalista, fundador da Eddie, a ida de tantos artistas pernambucanos à Europa deve-se a qualidade e consolidação da cena musical do estado: “Nos últimos meses tenho visto muitos produtores gringos por aqui. O Recife está ficando conhecido lá fora pela sua música”.

   Trummer comenta que esta turnê é um incentivo ao grupo, que continua ignorado pelos órgãos de cultura de Olinda: “É muito bom para a gente ser aceito por um povo que tem uma cultura musical refinada, isto comprova que nosso trabalho tem qualidade. Porém em Olinda desconhecem a música contemporânea que se faz na cidade. Dão alguma atenção à música tradicional, folclórica, mas desde Alceu Valença que não enxergam a nova música olindense”, alfineta o Trummer, que batizou som da Eddie de “original Olinda original style”, este também título do último CD do grupo.

   Original Olinda Style vai ter seu primeiro lançamento internacional, dia oito, em Paris: “O disco foi negociado com um selo francês, e deve sair também na Alemanha, Austrália e Suiça, e possivelmente na Espanha”. O repertório que a Eddie vai mostrar aos europeus será, portanto, baseado nas canções deste álbum.

   A formação do grupo que viaja, quinta-feira paa a Espanha, é a seguinte: Fábio Trummer, vocais e guitarra, Quico Meira, bateria, Rob Meira, baixo, André Trompete, teclados e sopros, e Alexandre Ureia, percussão e voz. (J.T.)

JC Online)

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