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 O lado B da Nação Zumbi

Foto: Fábio Braga/Divulgação

Nação Zumbi
 

Na noite em que divide o palco com os Mutantes, a Nação Zumbi põe para tocar um repertório voltado para canções pós-Rádio S.Amb.A

MARCOS TOLEDO

Uma das atrações mais presentes nas 14 últimas edições do Abril pro rock, a Nação Zumbi retorna ao palco do festival na próxima sexta-feira com a proposta de fazer um show delimitador na carreira – pelo menos para o público do Recife. A idéia é mostrar um repertório exclusivamente com temas de seus três últimos álbuns: Rádio S.Amb.A (2000), Nação Zumbi (2002) e Futura (2005).

Ao todo, a NZ já se apresentou oito vezes no APR: os quatro primeiros anos do evento, ainda com Chico Science, depois, em 1999, 2001 e 2003, e, em 2005, formando com a Mundo Livre S.A. a Orquestra Manguefônica. Por telefone, de São Paulo, onde mora parte da banda, o guitarrista Lúcio Maia fala do melindre que é tocar na terra natal. “É f... para a gente tocar no Recife, porque tem uma galera muito exigente”, conta.

O músico explica que, dependendo do lugar, o grupo tenta ser ou não um pouco mais experimental, sem ter que reviver os antigos hits o tempo inteiro. Mas, em eventos abertos no Recife, como o Carnaval, por exemplo, é difícil. “A gente já tentou e não deu certo”, lamenta.

Mesmo as canções mais conhecidas, a banda prefere executar com arranjos diferentes. Entretanto, quando fazem, digamos, uma versão reggae de A praieira (sucesso ainda com Chico Science que virou até tema de novela), parte da platéia acha ruim. “A gente tem muito esse caráter de revisitação. (Senão), é você virar as costas para tudo o que rolou de lá (desde o início do movimento mangue) para cá”, acredita o guitarrista. “E é bom como exercício musical nunca repetir a fórmula.”

Em eventos como o APR, porém, no qual no momento do show a atenção vai estar voltada apenas para a banda no palco, a situação fica mais favorável para a NZ mostrar o trabalho conforme idealizado por seus integrantes. Daí, a ocasião ideal para colocar em prática a proposta de fazer uma repertório apenas pós-2000. “Até agora a gente só ficou jogando com o time titular. Está na hora de tirar os reservas do banco”, brinca Lúcio, que, mesmo indagado diversas vezes, não soltou o que iria entrar no repertório. “Vamos fazer um apanhado do Rádio S.Amb.A para cá e também celebrar o (DVD) Propagando.”

ELO PERDIDO – Na primeira noite do Abril pro rock deste ano a Nação Zumbi vai, pela terceira vez, dividir o mesmo palco com outra banda que, a exemplo da pernambucana, foi considerada um marco revolucionário na música pop brasileira: a Mutantes (a primeira vez foi no Barbican, em Londres, em maio de 2006, a segunda, no aniversário de São Paulo, em janeiro último).

“Nós (NZ e Mutantes) fomos a ignição da guinada, não só da música, mas também da cultura. Porém, diferente do tropicalismo, no mangue não havia estética. Era se movimentar para melhorar seu lugar e sem abrir mão de onde nasceu, de onde passou toda sua vida”, lembra Lúcio Maia.

O guitarrista ainda avisa que o show da Nação vai ser “corrido”. “A gente vai mais como abertura para aquecer a galera para os Mutantes chegarem contudo”, diz, numa mistura de humildade e reverência.

(© JC Online)


Uma orquestra-laboratório no APR

Vitrine natural para os novos artistas da cena local, o festival Abril pro rock traz este ano um conjunto que promete ser uma das revelações, sobretudo no aspecto de apresentar uma proposta um pouco diferente. A Orquestra Contemporânea de Olinda (OCO), que toca no palco 2, no próximo domingo, conta em sua formação com um time misto de músicos experientes da cena, além de conceituados aspirantes de um dos grupos mais tradicionais da Cidade Patrimônio da Humanidade.

A idéia surgiu quando o percussionista Gilson Filho (Bonsucesso Samba Clube) passou a freqüentar os ensaios da Orquestra Henrique Dias (OHD), grupo representativo do grêmio recreativo de mesmo nome, que funciona como uma escola de música sem fins lucrativos há mais de meio século. “Via talento enorme, mas faltava direcionamento musical”, lembra o instrumentista, que convidou músicos da OHD e colegas da cena local para trocar idéias e experiências em relação ao mercado de música. “Nosso papel está sendo também esse, social, de mostrar o que está rolando no mundo.”

Junto com Hugo Gila (contrabaixo), Juliano Holanda (guitarra), Maciel Salu (rabeca e voz), Rafael Beltrão (bateria) e Tiné (voz e percussão), Gilson, que assumiu a direção musical do projeto, convocou seis dos 20 integrantes da OHD para formar a primeira versão da Orquestra Contemporânea de Olinda: Adriano Babá e Bode (trombones), Alex (tuba), Lúcio (saxofone tenor) e Luiz (trompete), além do maestro Ivan do Espírito Santo, que toca saxofone barítono e assina os arranjos de sopro. “São grandes músicos que precisam de oportunidade”, diz o diretor.

Gilson fala em primeira versão porque, após a gravação do primeiro álbum da OCO – que vai ganhar o título de Volume 1 –, o projeto pode ter continuidade com membros de alguma outra orquestra popular.

Desde seu surgimento, em novembro passado, a Orquestra Contemporânea fez apenas três apresentações: em uma festa no Clube Vassourinhas (Olinda) e nos projetos Abre-alas (Casa Forte) e Arsenal da música (Bairro do Recife). “Queremos nos concentrar mais no disco”, explica o percussionista.

O repertório da orquestra inclui temas de Fábio Trummer (Eddie), Tiné, Maciel Salu e Erasto Vasconcelos, releituras de canções pesquisadas por Gilson em antigos discos de vinil, como Canto da sereia (Oswaldo Nunes) e O samba é bom (João Grilo & Zé Cobrinha), além de composições inéditas.

Apesar de contarem com um tempo limitado de apenas meia hora, os membros da OCO apostam no concerto do Abril pro rock como o principal difusor do projeto. “É um momento especial, uma grande vitrine. Estamos preparados para fazer um grande show”, anuncia Gilson.

A Orquestra Contemporânea de Olinda pretende gravar o álbum Volume 1 em agosto e lançar em setembro. (M.T.)

(© JC Online)


Abril pro Rock traz Mutantes e Lee Scratch Perry

O Abril pro Rock – festival de música já consagrado no calendário de grandes eventos do estado – está debutando. Em sua 15ª edição, um pouco de tudo: descobertas, atrações de peso nacional que valem a pena conferir a festa e apagar a vela do bolo e ainda o mais do mesmo, que também faz parte. Neste ano, teremos Mutantes, na formação original - os irmãos Serginho e Arnaldo Baptista e o baterista Dinho – sem a musa Rita Lee, mas com Zélia Duncan; Marky Ramone, baterista do Ramones e o jamaicano Lee "Scratch" Perry.

Mas, também Sepultura, que já virou habitué do festival, surpresas internacionais, como sempre reservadas ao domingo da programação - a banda francesa The Film (algo assim, estilo The Strokes) e os argentinos do Los Alamos, referência do novo rock latino – e as descobertas locais do cenário indie, que, neste ano festivo, ganharam o terceiro palco reservado só para elas.

A realização do evento está por conta do Governo do Estado e da Petrobras. E isso pode explicar a falta de atrações já tão sonhadas pelo público como Bad Religion e Motorhead. “É dinheiro demais para aplicar em uma banda só”, justifica Paulo André. Neste ano, a banda mais cara é o Mutantes, viabilizada através da dobradinha com a pernambucana Nação Zumbi, banda que abriu o show dos tropicalistas em Londres, da qual Paulo André também é produtor.

E é através dessa problemática financeira que os produtores do Abril justificam as ausências de bandas locais como Devotos. “Se o público pode assistir a eles de graça, por que vão pagar para ir ao Abril?”, questiona Paulo André. Mesmo assim, o público pode desvendar atrações interessantes ainda não-lançadas no grande circuito de shows. Entre as atrações que abrirão a programação, há Canivetes (PE), Os Bonnies (PE), Fiddy (PE), Rabujos (PE), Valentina (GO) e Êxito de Rua, esta última resultado de um trabalho social nas comunidades carentes do estado, com direito a uma grife criada por jovens em situação de risco.

A Orquestra Contemporânea de Olinda também poderia se encaixar no palco 3, mas devido a um número bem maior de integrantes que a estrutura pode abrigar – 12, ao total – apresenta-se no palco 2. No palco 1, uma outra atração vale ser descoberta: Mestres do Forró. A essa aqui, os produtores reservam um carinho especial. Trata-se do resgate de cantores esquecidos pelo investimento público, como os pernambucanos Azulão, Walmir Silva, o cearense Messias Holanda e ainda Bitu de Campina, com o seu forró de trocadilho na raiz.

Outros bailes - E nessa onda de festividade de debutante, o Abril Pro Rock também terá a sua versão carioca no Circo Voador, e paulista, no Via Funchal, nos dias 14 e 17 de abril, respectivamente. Nos dois estados, haverá shows de Lee Perry e de mais quatro bandas, ainda a serem divulgadas.

Os produtores ainda estão tentando captar verba para dois presentes para o público: a exposição com fotos (imperdível o primeiro figurino do cantor Otto envergado no festival) e todo o acervo do que compõe o APR nesses 15 anos (incluindo aí as ultrapassadas fitas demo) e um livro de depoimentos de anônimos que participaram da história do festival. Não custa nada chorar: somados os dois projetos devem custar: R$ 190 mil. Ainda está nos planos o DVD com imagens de shows antológicos, como o da apresentação em que Gilberto Gil tocou com Nação Zumbi.

Para lamentar: A produção do Abril pro Rock revelou que:

Caetano Veloso foi sondado para tocar com os Mutantes. O cachê chegou a ser acertado, mas o baiano tem uma apresentação no seu estado na mesma data;

Mano Chao mais uma vez disse não ao APR;

Cansei de ser Sexy também não pôde vir: excursiona pela Europa.

Para não perder um segundo de música

O festival deste ano será nos dias 13, 14 e 15 de abril, no Pavilhão do Centro de Convenções, em Olinda. Na sexta-feira, começa às 20h, no sábado e no domingo, às 17h.

Os shows começam meia hora após a abertura dos portões. Os shows do palco 1 duram cerca de 50 minutos, os do palco 2, 25, e os do palco 3, 20. Quem fecha a programação são Mutantes, Lee Perry e Sepultura – esses aí, sorria internauta, têm tempo livre para se apresentar.

Os ingressos custam R$ 50 com o CD do APR - inteira, R$ 25 (meia-entrada), R$ 30 + 1 kg de alimento não perecível, exceto sal - ingresso social, R$ 70 passaporte para os três dias, com o direito ao CD.

Confira a programação completa:

 
Foto: Nino Andres/Divulgação
Sexta-feira (13)
Palco principal
Nação Zumbi e Mutantes

Palco 2
Ronei Jorge (BA)
O Quarto das Cinzas
Mop Top (RJ)

Palco 3
Canivetes
Os Bonnies

Sábado (14)

 
Foto: APR/Divulgação
Palco principal:
Ratos de Porão
Marky Ramone e TequilaBaby (RS)
Sepultura
Korzus (SP)

Palco 2:
Carbona (RJ)
Dance of Days (SP)
Udora (MG)
Mechanics (GO)

Palco 3:
Fiddy
Rabujos

Domingo (15)

 
Foto: AndréZ/Divulgação
Palco principal:
Mestres do Forró
Lee Perry
The Film
Los Alámos

Palco 2
The Playboys
Rebeca Matta (BA)
Monomotores
Canto dos Malditos na Terra do Nunca (BA)
Orquestra Contemporânea de Olinda

Palco 3
Êxito d'Rua
Valentina (GO)
 

(© Pernambuco.com)

Com relação a este tema, saiba mais (arquivo NordesteWeb)


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