Exposição na Pinacoteca é baseada em desenhos para coluna de
Barbara Gancia
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Léo, 50" é uma exposição bastante modesta diante da importância que o
artista José Leonilson (1957-1993) vem alcançando, tanto no Brasil como
no exterior -ainda mais em se tratando de uma mostra que comemora os 50
anos de seu nascimento.
Além de ser uma referência constante para novas gerações de artistas,
institucionalmente sua importância vem crescendo: ele é um dos nomes que
farão parte da próxima Bienal de Veneza, a ser inaugurada no mês de
junho, e suas obras foram adquiridas por instituições como o Museu de
Arte Moderna de Nova York, o MoMA, o Museu Nacional de Arte Moderna, no
Centro Pompidou, em Paris, e o Museu de Arte Moderna de São Paulo, por
meio de doação.
Surgido em meio à chamada Geração 80, Leonilson se destacou não só
pelos experimentos formais na pintura, como o uso da tela sem chassi,
que marcaria essa geração, mas também pela alta carga poética de sua
pesquisa, que partia de questões biográficas, especialmente de sua
homossexualidade e da busca do amor, sem, no entanto, tornar-se
militante.
Isso, graças à fórmula que norteava o artista, na forma como criava
seus trabalhos: "São todos ambíguos e não entregam uma verdade
diretamente, mas uma visão aberta", afirmava.
Entretanto, se a mostra é modesta em relação ao conjunto de sua obra
-há poucas pinturas-, sua qualidade é aprofundar-se sobre parte também
importante de sua produção, o desenho, a partir de 96, com 105
ilustrações feitas para a coluna "Talk of the Town", de Barbara Gancia,
na Folha, realizadas entre 1991 e 1993.
Polemista, Gancia é uma importante cronista de seu tempo, e Leonilson
conseguiu com suas ilustrações estabelecer um forte vínculo com a
colunista, sem tornar-se óbvio. Seus desenhos não eram mera ilustração
do texto.
Nesse sentido, a exposição ganha vigor ao apresentar o conjunto
desses desenhos em meio ao universo do próprio artista, com objetos
pessoais, estudos, projetos, fotografias e mesmo uma escultura de sua
amiga Isa Pini, apontando que as ilustrações podem ser inseridas como
parte importante de sua pesquisa e de seu mundo particular.
Para tanto, o curador Ivo Mesquita elegeu quatro eixos simbólicos,
que se enquadram tanto nas ilustrações como no próprio conjunto de sua
obra: o vulcão, o globo terrestre, o pódio e a torre.
Em todos esses eixos, a palavra é uma constante, outra das marcas
importantes de Leonilson, seja nas pinturas, seja nos desenhos. Para a
coluna de 8 de janeiro de 1992, por exemplo, intitulada "Ano zero km sai
por preço de banana", o artista desenhou uma escada com a frase "ano q.
vem" escrita no topo e, em sua base, "honestidade não dói/dignidade não
fere/namorar faz bem". Aí, verifica-se bem a transição entre questões
políticas e ao mesmo tempo pessoais que caracteriza sua poética.
LÉO, 50
Quando: ter. a dom., das 10h às 18h; até 20/7
Onde: Estação Pinacoteca (lgo. General Osório, 66, tel.
3337-0185)
Quanto: R$ 4; grátis aos sábados
Avaliação: bom
A
exposição coletiva Homenagem aos 100 anos do frevo, coloca mais
uma vez em evidência - no campo das artes - esse ritmo genuinamente
pernambucano. Com curadoria da artistas plástica Liane Monte e da
designer de jóias Lourdinha Oliveira, a mostra seguirá até o dia 12 de maio, na
Galeria de Arte Segundo Jardim, em Boa Viagem.
Vinte e dois trabalhos estarão expostos, sendo
nove pintados especialmente para a exposição. Entre eles: O passista,
do mestre Reynaldo Fonseca; A besta do frevo, de Rinaldo Silva;
Homenagem aos 100 anos do frevo, por Roberto Botelho; A poesia
e o frevo, de Rogério Silva; Quarta-feira ingrata, por Tereza
Costa Rego. "Em linhas gerais, queremos fortalecer e promover o frevo
como expressão artística de uma forma geral, fugindo um pouco da música
e da dança tradicional", diz Lourdinha Oliveira.
SERVIÇO:
Exposição Homenagem aos 100 anos do
frevo
Galeria de Arte Segundo Jardim
Rua Solidônio Leite, nº 62, Boa Viagem - Recife
Acesso Livre
Telefone: (81) 3326.5610