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 Ambrósios multiplicados

Foto: JC Imagem

 Integrantes do do Mestre Ambrósio
 

Quinze anos após criação do Mestre Ambrósio, integrantes se desdobram em projetos. E Cassiano volta ao Recife

Marcos Toledo
mtoledo@jc.com.br

Quinze anos após o surgimento do Mestre Ambrósio, os integrantes da banda relutam em afirmar a dissolução do grupo, porém, dado o encaminhamento de vários projetos em que cada membro está envolvido, o retorno parece cada vez mais improvável.

Alguns dos músicos, que se estabeleceram em São Paulo há dez anos, inclusive, já fizeram a migração inversa. Depois do rabequeiro Sérgio “Siba” Veloso, que transferiu sua base da Terra da Garoa para Nazaré da Mata (PE), e do percussionista-acordeonista-dançarino Hélder Vasconcelos, que voltou a morar no Recife, agora é a vez do também percussionista Sérgio Cassiano retornar de vez para a terrinha a fim de divulgar seu primeiro álbum solo, Ciência da festa (2004). O artista é a atração do Pátio de São Pedro, amanhã, às 22h.

Já faz mais de três anos que os seis ambrósios – Siba, Hélder, Cassiano, o baixista Mazinho Lima e os percussionistas Éder “O” Rocha e Maurício Alves – encontraram-se pela última vez todos juntos. Foi no derradeiro show, no fim de 2003, no interior de São Paulo. Desde então, cada qual passou a se dedicar a não apenas um, mas a uma gama de projetos próprios.

Para Cassiano, a volta para o Recife sempre esteve em seus planos. “Isso já estava previsto. Minha proposta pessoal não era mudar para São Paulo, mas a lógica era essa”, conta. Para o instrumentista, a experiência valeu a pena, sobretudo por lhe proporcionar a maturação que agora desfruta. “Me sinto num momento muito feliz, de amadurecimento. Desde a adolescência queria tocar com um monte de gente para depois fazer algo próprio”, revela.

Enquanto investe na divulgação local de Ciência da festa, disco de cordas e percussão voltado para releitura de elementos rítmicos regionais, Cassiano trabalha na pré-produção do segundo CD, Água, cujas composições já estão definidas. E não pára.

Entre os novos projetos, há dois musicais: Sérgio Cassiano no Coco do Mundo, com a mesma banda – Pepê (violão, viola e cavaquinho), Juliano Holanda (baixo e cavaquinho) e Gilson Filho (percussão), e Sérgio Cassiano Experiência, um power trio no qual ele canta e toca bateria acompanhado por baixo e bateria. “Essa coisa do meu nome sempre na frente é porque já trabalhei demais com outras legendas. É hora de divulgar meu nome”, explica.

Os projetos, contudo, não se limitam à música. Cassiano possui ainda o livro de poesias Pedra de amolar pincel, pronto para ir ao prelo, e organiza sua primeira exposição individual, Peixes de Cassi, na qual mostrará técnicas mistas de pintura.

No show de amanhã, além do repertório de Ciência, mostra a inédita Em pleno vento e as covers Tropé de cavalo e Paraxaxá.

(© JC Online)

Cinema, trilhas, ensino, dança: eles fazem tudo

A exemplo do percussionista Sérgio Cassiano, os demais ambrósios seguem em carreira solo dividindo-se entre vários projetos. Siba e Hélder Vasconcelos, escolheram Pernambuco como base de suas produções, porém, não param de viajar.

Hoje, quem for ao cinema pode se deparar com um trailer do filme O homem que desafiou o diabo, de Moacyr Góes, que tem no papel do Cão Miúdo o músico e dançarino Hélder. O artista, que desde que deixou a Mestre Ambrósio tem se dedicado mais à dança – vide os espetáculos solo Espiral brinquedo meu (2004) e Por si só (2007) –, realizou um sonho com o papel no longa-metragem. Ele ainda se dedica a fazer trilhas sonoras. São dele, por exemplo, as composições do balé Deveras e a direção musical de Onça castanha.

Já o rabequeiro, o primeiro a se projetar individualmente, acaba de voltar de São Paulo, onde mixou o segundo álbum de Siba & A Fuloresta. O disco sai em setembro com um DVD gravado no Instituto Itaú Cultural em 2006. Coco-de-roda e um frevo híbrido baseado nos blocos rurais dominam o repertório, que no disco de estréia possuía mais ciranda e maracatu, mas com o mesmo estilo, de improviso e rima. Paralelamente, Siba continua tocando em trilhas compostas por Antonio Pinto, autor da música de filmes como O senhor das armas e o inédito O amor nos tempos do cólera, participa do grupo América Contemporânea, com vários músicos latino-americanos, e prepara um CD com o violeiro mineiro Roberto Corrêa.

Da metade que permanece em Sampa, Éder “O” Rocha se dedica à escola de percussão Prego Batido (www.pregobatido.com), que fundou há dois anos. Além disso, segue divulgando seu primeiro álbum solo, O circo do Rocha (2003) e o livro Zabumba moderno, e ainda participa de três projetos: o power trio Estuário, no qual toca bateria, que deve lançar o primeiro CD em agosto, o grupo Mutrib, que explora a sonoridade do Leste Europeu, e de um encontro de músicos colombianos e brasileiros.

Mazinho Lima também participa desse encontro binacional, além de tocar nos grupos Trio Só Nós Três, Oficina do Choro, Monjolo e Coco Seco, este, com Maurício Alves. Ambrósio com mais tempo de estrada, Mazinho acabou de fechar as composições de seu primeiro disco solo.

E Maurício, que trabalha há cinco anos na ONG Associação Comunitária Despertar, desenvolve lá o projeto Charanga, orquestra de percussão com jovens carentes, que lança seu primeiro álbum no próximo semestre. Também se dedica às artes cênicas e se prepara para montar seu terceiro espetáculo, Alumeia. Para executar a música ao vivo no anterior, Abieié, montou o quinteto de percussão Batucada Tamarindo, que hoje tem vida independente. (M.T.)

(© JC Online)

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