Luiz
Zanin Oricchio, FORTALEZA
Deu Querô na cabeça. O filme paulista,
dirigido por Carlos Cortez e baseado na obra
de Plínio Marcos, foi eleito o melhor filme
do 17º Cine Ceará e rendeu também o Mucuripe
(o troféu do festival) de melhor ator a
Maxwell Nascimento.
Bem contemplado, também, foi o cubano La
Edad de La Peseta, que recebeu os troféus de
direção, trilha sonora e direção de arte. A
atriz escolhida foi a peruana Magdyel Ugaz,
recompensada por sua interpretação de uma
repórter sensacionalista em Mariposa Negra.
O argentino Chile 672 ficou com o prêmio de
roteiro, e o ousado Body Rice, de Portugal,
foi reconhecido com os troféus técnicos de
som e fotografia.
O melhor curta-metragem foi o cearense Vida
Maria, de Márcio Ramos, uma ilustração em
forma de desenho animado do ciclo de ferro
que condena as mulheres sertanejas a uma
dura vida, geração após geração.
Querô, com seu tema urgente da infância
abandonada, além da boa realização e elenco,
era mesmo a melhor escolha. Assim, o
resultado parece justo, com poucos reparos.
O maior deles, talvez, seja a concentração
excessiva de prêmios em La Edad de La
Peseta, que não precisava acumular os
merecidos troféus de direção de arte e
trilha sonora com o de direção, que poderia
ter ficado em outras mãos. Patativa do
Assaré, de Rosemberg Cariry, foi o mais
querido pelo público e passou batido pelo
júri. O problemático, mas interessante, De
Bares poderia ter sido lembrado para algum
prêmio.
Foi um festival interessante, com bom nível
(não excepcional) dos concorrentes. Acertou
nas merecidas homenagens à atriz Vanja Orico
e a Thomaz Farkas, que ganhou uma boa
retrospectiva de sua obra como produtor e
cineasta. O público fez a sua parte e
compareceu ao Cine São Luís, enfrentando a
inadequação técnica da antiga sala do centro
de Fortaleza. Falta ao Cine Ceará uma
seqüência mais empenhada de debates sobre os
filmes, forma de transformar o que se passa
na tela em material de reflexão
cinematográfica.
(©
Agência Estado)