Cena da Paixão de Cristo: a bacanal do
rei Herodes é interrompida com a chegada dos sacerdotes que
conduzem Jesus
Apresentação,
para 800 pessoas, tem um clima de ensaio geral e serve para que os atores
tenham a noção exata da dimensão do espetáculo
Dario Brito dbrito@jc.com.br
BREJO DA MADRE
DE DEUS – “Esse espetáculo serve como um bom momento de oração pra mim”.
Dessa forma, o ator Murilo Rosa, o Jesus da Paixão de Cristo de Nova
Jerusalém, explicou sua relação com o personagem após o ensaio geral para
mais de 600 convidados, realizado na última quinta-feira. A frase é
emblemática para o “católico não praticante”, como o ator se define, já que
sua atuação é uma das melhores dos últimos anos no papel mais cobiçado da
encenação. A apresentação foi marcada por altos (como as atuações de
Emanuelle Araújo e Fabiana Pirro também) e baixos (sobretudo, por conta de
problemas de queda de luz, por alguns instantes no Sermão da Montanha e
falta de afinação entre a Ascenção de Cristo, no fim, e a explosão de fogos,
que só surgiram após o ator sumir de cena).
Murilo passou
no teste da sincronia de sua interpretação com o áudio do espetáculo, maior
prova de fogo dessa montagem (e que já deixou muito global tido como
“promessa” amargar vexame diante de multidões e mandacarus no Agreste
pernambucano). “Queria aproveitar o texto ao máximo, por isso me tranquei no
quarto assim que cheguei em Fazenda Nova e devorei o tempo das falas como um
louco”, lembra o ator que já viveu o mesmo personagem em Paixões em Alagoas
e Roraima.
Fabiana MoraesDo
Caderno C/ JC
Murilo Rosa viverá pela primeira fez o papel de
Jesus Cristo
A mesma
vivência parece ter sido partilhada por Emanuelle Araújo (Maria Madalena) e
Fabiana Pirro (Maria). A primeira chamou mais a atenção por problemas no
figurino: na cena pouco antes da Ressurreição – quando Madalena vai espalhar
a boa nova – Emanuelle, visivelmente menor que a roupa, levantou o vestido
para poder correr. Um pouco demais, inclusive, o que gerou comentários na
coletiva de imprensa. E a atriz teve fair play. Após negar qualquer
dificuldade com o figurino e dizer que “ele ajudou demais na composição da
personagem”, soltou em tom de piada: “Vocês também estão prestando muita
atenção na altura da saia de Madalena, hein?”.
Fabiana
Pirro, em seu terceiro papel na Paixão (já figurou na Bacanal de Herodes e
também encarnou Salomé) estava no tom certo como Maria: “Já vivi esse papel
duas vezes em outras montagens pelo Estado afora, mas acho que o que me
ajudou desta vez é que agora sou mãe e devo ter sentido na pele, por isso, a
emoção”. A atriz, aliás, se prepara para subir aos palcos com Lívia Falcão,
em Caetana, dia 1º de maio, na abertura do Festival de Teatro Brasileiro em
Salvador (Cena Pernambucana).
Já Oscar
Magrini – que, diga-se de passagem, personifica fisicamente bem a figura de
Pôncio Pilatos – não esteve nos seus melhores dias neste ensaio geral: sua
versão do governador da Judéia pareceu por vezes confusa e a sincronia, que
é crucial, estava bem distante de convencer. A própria experiência com
espetáculos ao ar livre (como a de São Vicente, onde já viveu Pedro Alvares
Cabral) indicava um desfecho diferente, mas não deu. Esse primeiro impacto
com o público na montagem certamente serviu para dar ao ator a dimensão do
espetáculo – e servirá, sobretudo, para acertar a interpretação.
Os atores
principais tiveram basicamente dois dias para ensaiar desde que chegaram em
Fazenda Nova (sábado e domingo), já que de segunda a quarta gravaram o
especial que deve ser exibido pela Globo na Sexta da Paixão, dia 10. Então
seguiram à risca todas as dicas de Carlos Reis e Lúcio Lombardi, diretores
do espetáculo, que também tiveram que dar atenção aos 400 figurantes,
reunidos em ensaio apenas três vezes. “Esperamos um dia montar um curso de
formação de atores aqui em Nova Jerusalém, porque teríamos 50 ou 60
figurantes de frente, totalmente preparados para comandar os demais”, lembra
Carlos Reis. Até lá, a luta é contra o tempo, que é escasso, para uma
montagem desta dimensão.
Com a
proximidade da Semana Santa, a programação cultural em Caruaru começa a
se intensificar. No Alto do Moura, a Prefeitura de Caruaru promove, a
partir desta semana, apresentações culturais, uma exposição de Arte
Sacra e uma montagem da Paixão de Cristo com os artesãos do local (na
próxima quinta-feira). Na Estação Ferroviária da cidade, a atração é
Festival de Bandas de Forró de Caruaru.
A Praça do
Artesão recebe, até o próximo sábado, a Exposição de Arte Sacra do Alto
do Moura. Das 9h às 21h, o público pode conferir peças sobre a vida e
morte de Jesus Cristo criadas por 30 artesãos seguidores do Mestre
Vitalino. A Fundação de Cultura e Turismo pagou um cachê simbólico de R$
150 pelas criações, que após a Semana Santa passam a fazer parte do
acervo do Museu do Barro de Caruaru.
Os shows
acontecem em um palco montado próximo à rua principal do Alto do Moura.
Hoje, às 10h, a atração é Banda de Pífano Cultural de Santa Maria. Às
12h30 se apresenta o Trio de Forró Zino da Sanfona e às 15h é a vez do
Boi Tira-Teima. Também haverá um grupo de Bacamarteiros circulando pelas
ruas. Amanhã, as atrações são a Banda de Pífano São João de Serra Velha,
às 10h, o Trio de Forró Biu do Acordeom, às 12h30, e a Mazurca Pé
Quente, às 15h. As apresentações recomeçam na próxima quinta-feira.
Na
próxima segunda-feira, tem início o I Festival de Bandas de Forró.
Quinze grupos devem se apresentar no palco instalado na Estação
Ferroviária, a partir das 20h, até a quarta-feira. O mesmo local recebe
atrações como Fafá de Belém, Chico César e Nando Cordel, a partir de
quinta-feira.
A
Fundação de Cultura e Turismo deve aproveitar o festival para fazer uma
triagem para a programação do ciclo junino da cidade. Os grupos serão
avaliados pelo sanfoneiro Camarão, o radialista Ivan Bulhões e o
compositor Juarez Santiago, entre outros, nas categoria repertório,
figurino e coreografia.