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Frevo clássico

 MARCOS STUDART
SPOK (o primeiro da esquerda) é um autêntico band-leader à frente de sua orquestra de frevo contemporâneo/FOTO DIVULGAÇÃO/ MARCOS STUDART

SPOK (o primeiro da esquerda) é um autêntico band-leader à frente de sua orquestra de frevo contemporâneo

Senta que o bloco vai passar, SpokFrevo Orquestra, no Centro Cultural Banco do Nordeste, de terno e gravata, no estilo jazzístico, com solos de guitarra, contra-baixo, trompete, outro trombone ali e um sax aqui na frente. Sob a batuta de Spok, um saxofonista pernambucano de 35 anos, a orquestra toca frevo pra ouvir, aprender e, claro, dançar um pouquinho em passos minimalistas na poltrona

No show na última quinta-feira, como parte do I Festival BNB de Música Instrumental, a SpokFrevo Orquestra tocou músicas de seu CD Passo de Anjo, como o frevo de mesmo nome de Spok e João Lyra que abre o show, e de mestres do frevo como Maestro Duda, Felinho e Sivuca, com seu Frevo Safonado. Spok vai ministrando palestra em que apresenta as variações do frevo, assim como um pouco dos ritmos que influenciaram seu surgimento até o batizado em 1907 pelo jornalista Osvaldo de Almeida. Spok: "A partir desse momento estava registrado mais um brasileiro, mais um pernambucano, mais um resistente, a quem eu tenho a honra de apresentar pra vocês: o frevo."

Salve SpokFrevo Orquestra e sua aula de frevo, esse menino nascido no dia 9 de fevereiro de 1907, vindo do maxixe, modinha, dobrado, quadrilha e a polca, para frever o povo que lhe entregava de bom grado o corpo. Vindo, para um cearense, das lembranças conterrâneas desse ano ainda, último carnaval, subindo e descendo amancebado com outra reca de foliões as ladeiras de Olinda em dia de sol quente, cerveja barata e um sensação de que era o que eu imaginava.
Professor Spok ensina as três modalidades de frevo. Frevo Canção, Frevo de Bloco e Frevo de Rua. O Canção é frevo que tem letra e um cantor ou cantora. O de Bloco é executado por Orquestras de Pau e Corda, com violões, banjos e cavaquinhos, e cantado por corais femininos. E o de Rua, também, conhecido entre os não iniciados como frevo de ladeira ou simplesmente frevo, exclusivamente instrumental, feito pra dançar.

Tem mais. O de Rua pode ser frevo-coqueiro (com notas agudas, e ênfase no trompete), frevo-ventania (a vez é dos saxofones) e frevo-abado: assopra que o negócio vai frever. O abafo é pra no caso de duas orquestras que se encontram no calor do carnaval. É mais ou menos um: ponha-se no seu lugar. É frevo que deve ser tocado o mais alto possível, por isso mesmo sem muita complicações musicais e desafinado.

E tome aula. Show. A Orquestra dá espetáculo, em um teatro um tanto quanto pequeno para os mais de 20 músicos (mais participação de Adelson Viana), sem jogos de luz, mega-telões ou performances enlouquecidas. Apenas a alegria e serenidade de quem sabe que está tocando algo bonito. A orquestra empunha os instrumentos, vira bloco e rumo para fora do teatro do CCBNB, onde faz a apoteose, transmuta o salão em um pedaço de Pernambuco, e deixa uma vontade grande de sair correndo pra fevereiro. (Pedro Rocha)

(© O Povo)


 


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