11/06/2008
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O cantor maranhense Tião Carvalho |
Show de Lançamento do Cd Tião (Carvalho)
canta João (do Vale)
Dia 24 de agosto de 2006 - Sesc Pompéia - São Paulo - SP
No ano em que se completam 10 anos sem João do Vale, o Selo Pôr do Som lança
o CD TIÃO CANTA JOÃO, com realização da Sotaques Produções Culturais através
da lei de incentivo a cultura e com o patrocínio da Petrobrás.
Cantando a obra de João do Vale, o maranhense Tião Carvalho, apresenta no Cd
um repertório que mescla canções pouco conhecidas, como Baião de Viola, Os
Óio de Anabela, Todos Cantam sua Terra; juntamente com as já consagradas
Matuto Transviado (Coronel Antonio Bento), A Voz do Povo, Peba na Pimenta,
Carcará (gravada no ritmo de Bumba meu Boi), entre outras.
No repertório a diversidade de ritmos que abrangem a carreira dos dois
artistas, xotes, baiões, sambas, bumba – meu – boi, tambor de crioula...
No show Tião vem acompanhado por Renata Amaral (baixo), Marquinho Mendonça
(cordas), Adriano Busko (bateria), Cesar Peixinho e Pedrão do Maranhão
(percussão), Gabriel Levy, (acordeon e teclados) Tomas Rohrer (Rabeca e
saxofone), e músicos convidados.
Direção Musical - Rogério Rochlitz
Cenário - Leticia Rita e Stella Scarelli
Iluminação - Fernando Florence
Técnico de som - José Roberto Colado
Produção - Rosana Fonseca e José Marcos (sotaques produções)
20:30 - Exibição do documentário João do Vale "muita gente desconhece" de
Werinton Kermes
21:00 - Início do Show
Sesc Pompéia - Choperia
Rua Clélia, 93 - São Paulo - SP
Tel - 11 - 3871-7700
Choperia. Proibida a entrada de menores de 18 anos. R$ 12,00; R$ 9,00
(usuário matriculado). R$ 4,00 (trabalhador no comércio e serviços
matriculado e dependentes). R$ 6,00 (acima de 60 anos e estudante com
carteirinha).
(©
IMIRANTE)
Tião Carvalho
Não são necessárias grandes pesquisas para descobrir as origens de Tião
Carvalho. Basta ouvir as suas músicas para que sejam percebidas no ato as
presenças do reggae, do samba-de-roda, do baião, do xote e de uma imensa
diversidade de sonoridades tipicamente nordestinas.
Nascido no Maranhão e radicado em São Paulo, Tião traz para a sua obra
tanto a presença de palco aprendida na experiência como ator e dançarino,
quanto o conhecimento conseguido através de suas pesquisas musicais. E por
essas "garimpagens", as suas canções ganharam imensos elogios da imprensa e
do público, além de desempenharem um trabalho muito importante. Com muita
qualidade, elas resgatam e revitalizam não só as suas raízes, como a de
tantos outros nordestinos que vieram tentar a sorte no sul do país.
Douglas Damasceno
Expresso 2222: Antes da música, você trabalhou como ator de teatro no
Rio de Janeiro. Como essa experiência se reflete na atividade como cantor?
Tião Carvalho: Na realidade eu já trabalhava com a música anteriormente.
Ao chegar ao Rio de Janeiro fui me juntar ao Teatro Vento Forte do grande
dramaturgo Ilo Krugli , este trabalho só veio a enriquecer muito a minha
presença no palco como cantor e dançarino.
Expresso 2222: Quais as suas principais influências musicais?
Tião Carvalho: Na cidade aonde nasci Cururupu, Maranhão, sempre andei
muito com meu pai, Feliciano Pepe, nas manifestações populares da cidade
como o Bumba-meu-Boi, Tambor de Criola, Tamborinho, Bambae,... E sempre
escutei muito os sambistas cariocas e claro João do Vale, Jackson do
Pandeiro, Luis Gonzaga e gosto muito dos clássicos eruditos.
Expresso 2222: Uma canção que se destaca dentro das suas criações é
"Nós", que entrou pra valer no repertório da Cássia Eller. Como você chegou
até ela ou vice-versa? Qual a história dessa música tão gravada pela Cássia?
Tião Carvalho: A primeira pessoa a gravar "Nós" foi a cantora paulista
Ná Ozzeti, através daí a Cássia Eller conheceu a música e depois eu e a
Cássia nos conhecemos e ficamos bastante amigos, graças a Deus.
Expresso 2222: "Quando Dorme Alcântara" é o seu primeiro disco em
carreira solo. Como você compara o seu trabalho agora e a fase em que
participava dos grupos Cupuaçu, Mexe Com Tudo e Mafuá?
Tião Carvalho: O Grupo Cupuaçu é um grupo que trabalha com pesquisas de
danças brasileiras e existe desde 1986 até hoje e é criado e dirigido por
mim, já as bandas Mexe com Tudo e Mafuá, ambos grupos musicais, apresentavam
um trabalho coletivo os quais eu fazia parte, a diferença é que quando você
faz um trabalho solo ele fica mais com a sua cara e esta cara é uma música
de raiz de grande qualidade.
Expresso 2222: O disco vem recebendo muito elogios da crítica. Como foi a
montagem do repertório?
Tião Carvalho: Talvez complicada por ser meu primeiro disco solo e estar
rodeado de bons compositores, mas procurei fazer um trabalho bem eclético
aonde cada música tem o seu momento de magia, para dançar, dormir, namorar,
nas gafieiras, forrós, terreiros, rodas de samba...
Expresso 2222: Por sinal, no repertório do disco há composições de
diversos autores maranhenses, como João do Vale, Ana Maria Carvalho,
Erivaldo Gomes, Ronaldo Mota e Josias Sobrinho. A falta que se percebe é do
Zeca Baleiro, talvez o artista maranhense mais popular atualmente. Qual o
porquê dessa ausência?
Tião Carvalho: O trabalho de Tião Carvalho é um trabalho de garimpo
musical, que por onde ando vejo trabalhos ricos de poesia e musicalidade de
grandes compositores que tem maior dificuldade em mostrar seus trabalhos.
Quanto a meu querido amigo Zeca Baleiro eu gosto muito de "Pedra de
Responsa" e "Semba".
Expresso 2222: Como bom maranhense, o seu disco está cheio de pitadas de
reggae. Como esse estilo interfere na sua musicalidade?
Tião Carvalho: Como bom maranhense cresci ouvindo muito reggae. Ele
acrescenta muito pois além da sonoridade ele tem uma peculiaridade que é a
de se dançar junto que só acontece no Maranhão.
Expresso 2222: Além do reggae, seu disco também tem xote, baião,
samba-de-roda, toadas, tambor de crioula, e carimbó. Como você concilia
todas essas sonoridades?
Tião Carvalho: Todos esses ritmos sempre fizeram parte da minha vida do
meu repertório do meu tudo, sempre fui apaixonado pelos ritmos brasileiros,
para cantar, para ouvir e para dançar.
Expresso 2222: Você também é um pesquisador da cultura do norte. O que
esse conhecimento teórico influi na sua forma de cantar e compor?
Tião Carvalho: Na realidade minha raiz é nortista, nordestina, esse é o
meu berço. Hoje sou um pesquisador da cultura brasileira
Expresso 2222: Como anda a receptividade do público, especialmente o
paulista, à música e folclore nordestinos?
Tião Carvalho: Cresceu muito neste últimos 20 anos, acho até que faz
parte de um processo de abertura não política, mas cultural onde as pessoas
cada vez mais vão se desfazendo de alguns conceitos pré-estabelecidos e vão
se aproximando mais de suas raízes, de sua cultura e de uma determinada
miscigenação que é o Brasil.
(©
Expresso 2222)
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(arquivo NordesteWeb)
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