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Lenine e suas andanças pelo mundo, no MTV Acústico

10/06/2008

Guto Costa/Divulgação

Lenine


O cantor e compositor faz show de graça no Auditório do Ibirapuera. O CD já está nas lojas, com cordas e metais de Ruriá Druprat

Beatriz Coelho Silva

RIO - Desde outubro de 2004, quando lançou "In Cité", gravado ao vivo na Cidade da Música em Paris, o cantor e compositor Lenine viajou o Brasil e o mundo (com elogios no "Le Monde" e no "New York Times"), produziu o segundo CD de Maria Rita e compôs a trilha do próximo balé do Grupo Corpo, "Violenta", a ser encenado em 2007. Por isso, quando recebeu o convite para gravar o MTV Acústico, um formato que ainda não visitara em seus mais de 25 anos de carreira, não compôs nada para o show gravado no Auditório do Ibirapuera. O CD já está nas lojas, o DVD demora um mês.

"Era irrecusável, assim como "In Cité". São ambos ao vivo, mas diferentes. Lá eram músicas inéditas, uma banda pan-americana (a cubana Yusa e o argentino Ramiro Musotto). Aqui busquei novos caminhos para músicas antigas, completados com as cordas e metais de Ruriá Duprat (sobrinho do maestro Rogério Duprat). É muito mais difícil mudar o arranjo habitual de uma canção que criar um arranjo novo", disse ele, diante do mar da Urca, na zona sul do Rio. "Esta é minha paisagem em casa. Por isso, as coisas caminham bem."

Andanças pelo mundo

Acústico tem também convidados que resumem suas andanças pelo mundo. O camaronês Richard Boná (com quem divide "A Medida da Paixão") é companheiro desde as primeiras andanças pela França. A mexicana Julieta Venegas (em "Miedo") é nome importante no jazz latino. Gog ("A Ponte") é um brasiliense que citou Lenine em seu disco "Tarja Preta" e Igor Cavalera ("Dois Olhos Negros") faz duetos com ele desde os tempos do Sepultura. A harpista Cristina Braga ("Paciência") e o oboísta Victor Astorga ("O Último Pôr-do-Sol") deram novo toque às músicas antigas.

"Escolhi as canções em função dos convidados. Além disso gravei músicas que não tinham registro em disco ou que canto raramente. É o caso de "Lá e cá" e "Paciência". Incluí também os sucessos que não podem sair de meus shows, como "Hoje Eu Quero Sair Só", O "Último Pôr-do-Sol" e "Jack Soul Brasileiro"", enumerou. Os dois hits de "In Cité" ("Do It", incluída na trilha da novela "Belíssima", e "Todas Elas num só Ser", quilométrica declaração de amor) ficaram de fora. "São muito recentes."

A música do Corpo é uma nova experiência para Lenine, que já musicou filmes e peças de teatro. Como acontece nas encomendas do grupo mineiro, ele teve liberdade total para criar "O único pedido foi uma peça de 50 minutos. Não houve sugestão de tema, estilo, orquestração, nada. Pela primeira vez trabalhei com música instrumental", adianta ele, que conta como compõe. "Primeiro, resolvo a canção. Depois vejo a melhor forma de levá-la para o disco. Só depois penso como ficará no palco. Se não há grande diferença entre o som do estúdio e o do show, é porque trabalho com uma banda afiadíssima, integrada, que leva o mesmo astral para a música ao vivo ou não."

Lenine faz o show "In Cité" domingo, às 11 horas, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, no projeto Bons Fluidos, da Editora Abril, e começa a viajar com Acústico em outubro, depois das eleições. Embora tenha recebido este nome do pai, comunista e admirador da antiga União Soviética, prefere não envolver sua arte com política. "Como cidadão voto, mas hoje só para os cargos em que acredito haver bons candidatos. Ainda não os tenho para o Executivo.

Sou também solidário a meus companheiros de profissão, mas minha música é apartidária", avisa ele, sem esconder uma ponta de decepção com o governo do PT. "Mas não vejo diferença entre o Lula presidente e o candidato que perdeu três vezes. O que noto aqui é um nicho de dor e orgulho, que vi também na Rússia, onde estive recentemente, e Cuba. Orgulho por ser uma nação que tentou um caminho novo e dor porque não aconteceu como esperávamos."

Concerto Bons Fluidos. Auditório Ibirapuera (área externa). Avenida Pedro Álvares Cabral s/n.º, portão 3. Dom., 11 h. Grátis

(© Agência Estado)


Lenine grava novo disco ao vivo

Acompanhado de sua banda, compositor revê carreira

por Beto Feitosa

Raros artistas podem se dar ao luxo de manter a dignidade lançando dois trabalhos ao vivo consecutivamente. Lenine conseguiu a proeza. Se dessa vez o artista revê a carreira no tradicional formato do programa Acústico MTV, Lenine não soa repetitivo já que o CD anterior, gravado em show em Paris, trazia grande maioria de músicas inéditas.

Exaustivamente propagada no horário nobre da TV Globo, até mesmo a ótima Do it, de seu álbum anterior, ficou de fora. Os dois CDs apresentam tanto repertório quanto linguagem diferente. A diversidade musical de Lenine pode proporcionar essa riqueza e afastar qualquer crítica de repetição.

O projeto atual é de revisão de carreira, resumo de sucessos. Mas nem quando recicla seu repertório Lenine soa burocrático. Ao lado da banda que o acompanha em shows, Lenine mostra fôlego retomando sucessos antigos como A rede, Jack Soul Brasileiro e Hoje eu quero sair só.

E a pluralidade do artista atravessa o CD. Talvez sua música mais conhecida, Paciência ganhou o luxuoso acompanhamento da harpa de Cristina Braga ao lado do piano do maestro Ruriá Duprat, que assina arranjos de cordas e metais. Já a suingada A ponte é muito bem atropelada pelo rapper brasiliense GOG. Lenine ainda promove um vigoroso e raro dueto de seu baterista Pantico Rocha com Iggor Cavalera em Dois olhos negros.

A lista de convidados segue apresentando artistas pouco conhecidos no Brasil. Antenado de ouvidos sempre atentos, Lenine trouxe a cantora mexicana Julieta Venegas (Medo), o baixista de Camarões Richard Bona (A medida da paixão), e os instrumentos de sopro do chileno Victor Astorga (O último por do sol).

Previsto para chegar ao mercado em setembro, o DVD amplia o repertório com Silêncio das estrelas, Escrúpulo, Leão do norte, Trânsito e O que é bonito.

Lenine mantém a identidade de suas músicas. Mas os antigos fãs vão perceber novidades nos arranjos, que crescem na estrada com Lenine e sua banda. A compilação de sucessos também é oportunidade boa para aumentar o público do compositor. Se quem já conhece Lenine vai aproveitar as releituras com o vigor dos shows, quem ainda não está familiarizado com sua obra vai se fartar com ótimas canções e lamentar o tempo perdido.

(© Ziriguidum)

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