MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
A produção de arte contemporânea brasileira não se restringe ao Sudeste, mas
nomes jovens de novos pólos ainda não se integraram ao mercado. Essa é a
idéia que resume a exposição "Quase Nordeste", que abre hoje na galeria
Oeste, com curadoria de Ricardo Resende, ex-diretor do Museu de Arte
Contemporânea do Ceará.
"Quando circulava pela SP Arte [feira de galerias ocorrida em abril
passado], vi que havia artistas jovens de vários Estados, mas não vi nenhum
nome cearense, nem aqueles que haviam se destacado em mostras como o
"Rumos'", diz Resende, 45.
""Quase Nordeste" serve como tentativa de aproximação desses jovens com o
mercado, já que, com instituições, eles já têm boa inserção."
Resende selecionou cinco nomes para a exposição coletiva: Jared Domício,
Jussara Correia, Milena Travassos, Waléria Américo e Yuri Firmeza. Apesar da
aparente disparidade de estilos, há algumas semelhanças nas obras. "A
questão da identidade é forte nos trabalhos deles, e eles usam diferentes
linguagens e abordagens para narrar suas experiências." Com exceção de
Jussara, 35, todos utilizam referências ao próprio corpo. Domício, 34, o
mais conhecido deles, faz desenhos que o retratam como coelho ou como Buda,
utilizando a sobreposição de suportes para compor um jogo visual que muda de
acordo com o olhar do observador.
Já Travassos, 26, apresenta cinco cubos de vidro, dentro dos quais há a
sua imagem em um prédio abandonado. "Esses cubos podem ser unidos e formar
uma instalação, mas também podem ser vistos separadamente. Há um grande
sentido de apagamento do sujeito nessa obra", afirma Resende.
Yuri Firmeza, 24, tem exibidas nove fotografias, que registram ações em
locais diversos. No ano passado, o artista causou polêmica no MAC cearense
ao divulgar para a imprensa local uma mostra de um artista japonês inventado
por ele. Waléria, 28, apresenta "Vermelhas", uma série de desenhos no qual
se retrata com uma menina às voltas com balões, além de fotografias. Jussara
apresenta dois vídeos.
QUASE NORDESTE
Quando: de seg. a sex., das
11h às 19h; sáb., das 10h às 15h; até 4/8
Onde: galeria Oeste (r. Mateus Grou, 618, tel. 3815-9889)
Quanto: entrada franca
(©
Folha de S. Paulo)