"O Beijo no Asfalto" traduz angústia, HQ explora
malandragem e "graphic novel" aborda vampiros
PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Além das tradicionais opções de infantis, super-heróis e mangás, o segundo
semestre de 2007 traz aos fãs de história em quadrinhos três novidades
produzidas no Brasil: a bem-humorada "O Corno que Sabia Demais e Outras
Histórias de Zózimo Barbosa", o terror "Vampiros do Rio Douro" e uma
adaptação de "O Beijo no Asfalto", de Nelson Rodrigues.
Arnaldo Branco (roteiro) e Gabriel Góes (arte) tiveram o
difícil trabalho de transportar "O Beijo no Asfalto" para os quadrinhos.
Criaram um álbum em preto-e-branco, com muitas sombras e proporcionaram um
clima angustiante para a história de Arandir, um homem que presencia um
acidente fatal e dá um beijo na boca do homem atropelado.
Este ato é o estopim para a sua vida se transformar em um
inferno. Com um jornal sensacionalista e um delegado mal-intencionado
manipulando informações, o beijo toma proporções gigantescas. Arandir passa
a sofrer ameaças e a ser perseguido, acusado de ter um caso extraconjugal e
até de assassinato.
Malandro do Rio
Da tensão rodriguiana ao humor da malandragem carioca: "O
Corno que Sabia Demais" traz pequenas histórias de Zózimo Barbosa, um
detetive que vive no Rio da metade do século passado. Sua especialidade são
casos extraconjugais.
As descontraídas aventuras desse malandro investigador
trazem embustes, blefes, belas mulheres e homens desconfiados. Zózimo
circula neste meio tentando ganhar seu dinheiro.
Se, para isso, alguém tiver que ficar chateado ao
descobrir que está sendo traído, paciência.
"Vampiros do Rio Douro", de André Vianco, é uma "graphic
novel" sombria que se passa em uma vila portuguesa do século 14, onde há uma
batalha entre anjos e demônios -e na qual aparecem os vampiros do título.
Esses dois volumes servem como prólogo para a série de romances de terror
que se passam no Brasil e que Vianco inaugurou em 2000 com o lançamento de
"Os Sete".