Notícias
 Videodança entra em cena

 

 

 

Marcelo Lyra

Helder Vasconcelos apresenta trechos do solo Por si só
 

Tem início o Play Rec, primeiro evento internacional da área no Recife, com mostras, debates e apresentações

Olívia Mindêlo
oliviamindelo@jc.com.br

A hibridização de linguagens é uma opção comum, ou melhor, natural na produção contemporânea. As artes visuais flertam com o teatro, o teatro se mistura à dança, e a dança ao vídeo, de modo que a linha limite entre eles é cada vez mais tênue. No último caso, a interseção se dá de uma maneira muito peculiar: videodança não é só vídeo, porque depende da construção do movimento em cena, como não se resume a dança filmada, uma vez que seu resultado depende dos processos cinematográficos. Trata-se, portanto, de um exemplo emblemático no audiovisual do que é esse tal produto híbrido. Considerando este um território pouco explorado no Brasil, a capital pernambucana sedia, de hoje a quarta, a primeira edição de um evento totalmente voltado para a área na cidade: o Play Rec 2007 – 1º Festival Internacional de Videodança do Recife, realizado no Teatro Hermilo Borba Filho.

“A idéia do evento é discutir, produzir e mostrar videodança, reunindo coreógrafos, bailarinos, videastas e artistas plásticos”, resume o cineasta e designer Oscar Malta, responsável pela coordenação, produção e curadoria do evento, através da empresa Pixel. O projeto não veio à toa de sua “caixola”. Desde 2002, ele explora a estética da videodança em seus trabalhos, além das possiblidades entre movimento e tecnologia, como foi o caso do espetáculo Play (daí o nome do evento), em 2004. A realização do festival veio de forma improvisada e totalmente independente, com exceção do apoio de algumas instituições, como a Prefeitura do Recife e o Itaú Cultural (principal fomentador da área no Brasil).

Não por acaso uma mesa-redonda abre o festival nesta noite, junto a uma mostra de trabalhos do Circuito de Videodança do Mercosul (CVM). O debate tem a intenção de tocar nas novas linhas de financiamento para esse campo artístico indo além do Rumos Dança, do Itaú Cultural (único atualmente). “A proposta é que no festival seja discutida a criação de um prêmio em dança e tecnologia. E a minha idéia é homenagear Zdenek Hampl (coreógrafo falecido recentemente) nessa premiação”, revela Malta. A mesa reúne realizadoras de videodança – Tatiana Gentile (RJ) e Paola Rettore (MG) – além da jornalista e produtora de artes cênicas Chris Galdino, a bailarina e coreógrafa Valéria Vicente e o próprio Oscar Malta. Já a mostra de filmes da América do Sul chega para inserir o Recife no CVM.

Segundo o coordenador, um dos destaques do festival encerra as projeções de amanhã, após a Mostra Rumos Dança 2007: é o filme The coast of living, do grupo inglês DV8 Physical Theatre. “É um trabalho formidável e teve autorização gratuita para ser exibido aqui. É um filme que eu pagaria para ver no cinema, inclusive foi filmado em 35 mm”, comenta Malta, que conheceu a produção na Grécia, num evento onde foi convidado para exibir Origem, um de seus trabalhos recentes na área. O filme britânico é coreografado por um inglês que transmite com sutileza, em sua poética, a condição de ser deficiente físico.

O próprio coordenador exibe uma de suas criações no último dia do festival, na quarta. É Amnióptico, de 2003. No vídeo, ele explora os movimentos em cima da filmagem de uma ultra-sonografia da filha Sofia na barriga da mãe. Ele não vai projetar Origem, porque, apesar de ter sido selecionado para o festival de Atenas, não lhe agrada.

Outro ponto a ser ressaltado na programação, segundo ele, é o vídeo Hemacromatose, dirigido por Breno César e coreografado por Romero Motta. O trabalho faz estréia no evento e trata de uma doença.

Além das mostras diárias de videodança, trechos dos solos pernambucanos Por si só, de Helder Vasconcelos, e Pequena subversão, de Valéria Vicente, são encenados no Play Rec 2007.

(© JC Online)

Com relação a este tema, saiba mais (arquivo NordesteWeb)


powered by FreeFind