Renata Leão
São oito da manhã de uma quinta-feira de agosto e
dona Canô, como faz todos os dias, está concentrada em seu quarto.
Assiste à missa de Nossa Senhora e nada tira seus pequenos olhos da
direção da TV. Um oratório com santos que vão além da Bahia de todos
eles e uma prateleira cheia de anjos de porcelana decoram o
ambiente. Não se pode atrapalhar dona Canô na hora de sua sagrada
cerimônia, tampouco seria educado.
Enquanto espero na sala, acompanho a movimentação de seu filho
Rodrigo, 72, no telefone sem fio. “Sim, estou falando da Bahia, a
encomenda é para cá.” Ele produz a festa de 100 anos de sua mãe, que
acontece dia 16 de setembro.“Será um grande dia. Começa com uma
missa, depois um café-da-manhã na praça e o caruru no hotel da
cidade”, explica o tecelão, quarto filho de dona Canô – antes dele
vieram Nicinha, Clara Maria e Maria Isabel; depois, Roberto José,
Caetano Emanuel, Maria Bethânia e Irene. Oito ao todo. A primeira e
a última, adotadas. Os outros, nascidos do ventre, em casa, de parto
normal. “E sem parteira. Pari os seis sozinha, com a ajuda de minha
mãe e de minha sogra”, revelaria mais tarde a matriarca.
Vestido, brincos e água-de-colônia
Na cozinha da casa, panelas bem velhinhas no fogão, daquelas que
fazem comida da melhor qualidade. São manuseadas por Isaura, 69
anos, 50 deles com dona Canô, e Odília, 62, há 24 empregada da
família. Me oferecem suco de cajá e café, enquanto preparam a
moqueca de arraia do almoço. “Dona Canô mais Bethânia são umas
jóias, sempre alegres, sem estresse”, conta Isaura. “A família toda
é assim, tudo gente boa.”A casa, de portas abertas, é um entra-e-sai
constante. Vizinhos e amigos que vêm para assuntar e ver o tempo
passar são sempre bem-vindos.
Dona Canô mandou chamar. Na hora das fotos, faz questão de escolher
o vestido e os brincos – “Quero os dourados, de anjos!” – que vai
usar. Antes do primeiro clique, um detalhe fundamental:
água-decolônia. “Mas das fracas, para não aperrear o bebê da
repórter, que está grávida”, pede.
Devidamente fotografada, ela toma seu café e se acomoda na sala para
falar das coisas felizes e tristes dos seus 100 anos de vida sem se
exaltar. Mostra que, justamente por não se exaltar, chegou aonde
chegou com tamanha saúde e bom humor. A conversa, permeada por
causos e piadas, é interrompida várias vezes pelo movimento das
visitas e pelo telefone que toca. Ela atende. “Vou querer três
ônibus. O povo aqui de Santo Amaro quer ir para prestigiar”, diz, em
conversa com a organizadora do prêmio que receberia no dia seguinte,
a Comenda Maria Quitéria, a maior honraria que o governo baiano
concede a alguém. “Por que a senhora é tão querida?”, pergunto. “Não
sei, minha filha. O que eu fiz da vida? Criei meus filhos e cuidei
da minha família.”Com vocês, a sabedoria e a simplicidade de dona
Canô.
Tpm. Todo dia é
esse movimento aqui na sua casa? Dona Canô.
Sim. Tenho muitos amigos, nasci e me criei aqui. Mas essa bagunça é
só até meio-dia. Depois encerro, vou almoçar e descansar. Senão, não
agüento.
Como é sua rotina? Acordava cedo por causa dos meninos e até
hoje, às 5h estou acordada. Fico deitada um bocadinho, aí me levanto
pra fazer nada [risos]. Vejo a missa de Nossa Senhora até umas 9h,
tomo meu café. Aí começa a aparecer visita de todo lado. Converso
com todo mundo e, ao meio-dia, almoço. Depois cochilo. À tarde tomo
banho, café, faço minhas orações e assisto TV.
A senhora é muito religiosa, né? Rezo todos os dias. Você já
viu meus santos? Tenho muitas imagens, mas não rezo para cada uma.
Agora, para Nossa Senhora da Purificação, minha mãe, rezo quase toda
hora, pedindo por meus filhos.
Com esse movimento em sua casa dá pra ver que a senhora tem
muitos filhos além dos seus. Ah, tenho. Faço o que posso pelo
povo daqui.
E como a senhora virou essa pessoa tão influente, tão amada aqui
na Bahia? Não sei. Sempre que recebo uma homenagem me pergunto:
“Por que,meu Deus, o que foi que eu fiz?”. Muito disso acontece por
causa de Bethânia e de Caetano. Se eles não existissem eu estava
existindo? Não. Eles que levaram meu nome porque não negam que
nasceram em Santo Amaro da Purificação.
E o que a senhora fez? Criei meus filhos e vivi cuidando da
minha família.
As meninas da cozinha me contaram que foi a senhora quem ensinou
tudo a elas. Verdade? Sim. Isaura trabalha aqui há 50 anos.
Quando chegou, não sabia nada, eu que ensinei porque sempre soube
cozinhar, minha mãe me ensinou desde menina.
Sua mãe não só te ensinou a cozinhar, mas criou a senhora e seus
dois irmãos sozinha? Foi. Conheci meu pai já velho, perto de
morrer. Quando ele ficou doente, mandou chamar e fui vê-lo em
Salvador. Mas era pequena e tive medo, porque ele era muito barbudo.
Logo depois morreu. Minha mãe morreu com 82 anos, aqui nesta casa.
E seus irmãos, ainda estão vivos? Tudo já morreu. Almir com
98 anos e Geni com 91.
Vocês foram educados num colégio de freiras? Na
Sacramentinas, aqui em Santo Amaro. Tinha que aprender francês,
tinha aula de piano com uma professora alemã, e também aula de
costura. Escola rígida, tinha fardamento completo, hora de chegar,
hora de sair. Nessa época a gente se educava.
A senhora ainda tem amigas dessa época? A vizinha aqui, que
vai fazer 100 para o ano. Tem outra em Salvador com 99 anos. Marieta
já morreu [diz, apontando para um retrato na parede], Cininha
também. Muitas já morreram.
A senhora sente tristeza quando vê que a maioria das suas amigas
já morreu? Não entendo em que sentido você fala dessa tristeza.
Não sinto, não. É a vida. Zeca [seu marido], por exemplo, nunca
pensou em velhice, não. Mesmo quando ficou doente, nunca se
entregou.
Com quantos anos ele ficou doente?
Teve um câncer com 73 anos. Levou dez se tratando e morreu com
83. Ficamos casados por 53 anos.
53 é tempo. E hoje é raríssimo um casal passar a vida junto.
Por quê? Porque cada um quer ser de um jeito. Eu fiquei com
o Zé tanto tempo porque era muito bom e porque eu me habituei a
ser como ele e pronto. Vivemos todos esses anos muito bem.
Como é que namorava nessa época? Normal. Hoje o namoro é
tão... tão rápido. Eu levei um ano e meio namorando. Depois a
gente apressou o casamento porque Zé tinha que viajar pois foi
transferido. O irmão mais velho dele preparou os papéis e a
gente casou na igreja lá de baixo, de Nossa Senhora do Rosário.
Eu tinha 23 anos e ele, 29.
E a senhora foi morar na casa da família dele? Sim, com
24 pessoas [risos].
Como fez para conviver com 24 pessoas? Morei lá durante
anos sem o menor problema. Sabe, minha filha, quem quer viver
procura viver. Foi o que me aconteceu. Eu queria viver com o meu
marido, passando o que ele passava de bom e de ruim. Zeca não
podia se afastar da família porque ele e a irmã sustentavam todo
mundo. Até hoje o que resta da família de Zeca é amigo. Depois
ele alugou um sobrado e a gente mudou.
Quando se mudaram, já tinham filhos? Ainda não.
Quem é a sua primeira filha? Clara Maria.
E depois de Clara? Mabel, depois Rodrigo, Roberto, Caetano e
Maria Bethânia.
E depois? É,
peraí... Rodrigo, Roberto, Caetano, Maria Bethânia, Clara,
Mabel, quem falta?
Irene? Irene é depois. Irene chegou depois, quando já
estavam todos crescidos.
Nicinha? Nicinha é a mais velha de todos, tem 77 anos.
Nicinha é filha de criação? Sim, é adotiva.
Como é a história de Nicinha? Aconteceu que ela nasceu de
um susto que a mãe dela tomou quando estava grávida. A parede da
casa caiu e a menina nasceu com sete meses, pequetitica, uma
coisinha de nada. Marininha, uma das sobrinhas de Zeca, trazia a
criança pra casa, levava toda noite pra dormir, tornava a trazer
de manhã. Ficamos apegados a ela. Ainda não tínhamos filhos. Foi
Nicinha que levou nossas alianças no casamento. Hoje ela é a
camareira de Bethânia.
E a mais nova, Irene, também é adotada? A Irene também é
adotada. E foi uma coisa pior. A mãe dela morreu de parto, com
tétano, sete dias depois de dar à luz. O pai, de uma família
daqui de Santo Amaro, enlouqueceu, e a gente ficou com a
criança.
No filme do Andrucha [Pedrinha de Aruanda, sobre Bethânia,
que será lançado este mês], a senhora diz que gosta dos seus
filhos porque simplesmente são bons filhos. Ah, minha filha,
eles são filhos bons mesmo. A outra [Bethânia] já telefonou,
telefona duas vezes por dia. Caetano, não. Não tem tempo, passa
viajando e não é de telefone. Falei com ele esta semana, no seu
aniversário [dia 07/o8]. Disse que mandei celebrar missa e ele
ficou muito contente, disse: “Ah, minha mãe, que bom”. Ele não
pôde vir porque estava no Peru. Bethânia é muito apegada à
senhora? Muito. Apesar de morar longe, se eu disser que meu pé
doeu, ela fica doida.
Nenhum dos seus outros filhos é artista. De
onde surgiram os dons do Caetano e da Bethânia?
Eu representei muito quando era moça. Muitas peças, tudo de
Oduvaldo Vianna, o pai. Maria Stuart, a vida de Maria Stuart, o
nascimento de Jesus. Fora os bailados, os reis, as cantorias de
presépio. Baile pastoril a gente fazia todo ano.
E a senhora gostava? Oxe, a vida da gente era uma
alegria! Todo mundo ficava unido pra fazer essas artes, não
tinha briga, nada.
E, quando Bethânia começou a dizer que queria ser artista, o
que a senhora falava? Dizia: “Minha filha, não queira não.
Porque, quando começarem as exigências pra você repetir, você
não vai gostar”. Ela cantava o dia inteiro, tudo o que ouvia.
Caetano e ela. Caetano tinha uma facilidade incrível pra
aprender as músicas.
A senhora que cantava pra eles?
Cantava. Cantei tudo. Um dia, na televisão, na época dos festivais,
perguntaram como é que ele sabia tanta música velha. “Minha mãe que
me ensinou”, disse. Eles sentavam no meu colo, pequenininhos, e eu
ficava cantando pra eles. É... foi uma vida boa.
Como foi a saída da Bethânia de Santo Amaro para o Rio?
Aquela menina, a Nara Leão, adoeceu da garganta e alguém perguntou
quem ela queria pra substituí-la. Ela mandou buscar Bethânia na
Bahia. Aí [a atriz baiana] Nilda Spencer telefonou em casa pra fazer
o convite e eu disse: “O que é isso? Bethânia tem 17 anos, não vai
sair daqui, não vou deixar”. Zeca achou que era trote. Outro
telefonema e Nilda diz: “Não é trote, não, é pra Maria Bethânia
substituir Nara”. Eu digo: “Mas, Zeca, com que competência Bethânia
pode substituir Nara?”. Nara era uma cantora famosa, de fato uma
cantora boa. E minha filha ia pra lá, uma menina do interior. Zeca e
eu não podíamos acompanhá-la. Aí Caetano, que já conhecia o Rio,
disse: “Eu levo Bethânia, meu pai. Deixe comigo, não tem nada, não”.
Aí, depois de um tempo nós fomos assistir [ao espetáculo Opinião, em
1965].
Foram até o Rio? Fomos, Rodrigo, Zeca e eu. Foi a primeira
vez que saímos da Bahia e viajamos de ônibus. O show foi aquela
coisa de loucura, quando ela entrou no palco o público se pôs a
gritar – é assim até hoje. Foi assim que ela se foi. Nara Leão se
lembrou que uma vez tinha ouvido uma menina em Salvador.
Como foi quando a senhora viu que ela tinha talento e que ia dar
certo? Talento? Nunca pensei nisso, não. Achei que ela fazia com
a maior naturalidade do mundo, não se esforçava pra fazer. Então vi
que ela tinha o dom e uma voz que até hoje não teve igual.Até hoje
tem tido muitas cantoras, mas nunca vi nenhuma cantar como a
Bethânia. A voz grave que, no colégio, a impedia de participar do
coral porque diziam que ela tinha voz feia, grossa.
Quais cantoras a senhora gosta de ouvir? Gosto de Alcione,
ela tem uma capacidade muito grande de cantar. Gosto muito de Gal,
que cresceu com Gil, Caetano e Bethânia, tem uma voz linda a Gal.
E Caetano, quando a senhora percebeu que seu filho era um
artista? Caetano começou com essa coisa de tomar parte naqueles
festivais. Em todos ele ganhava. Mas não esperava que ele fosse
chegar ao que é, não. Aí é o dom dele também, a inteligência. Ele
tinha uma facilidade grande de aprender música, de tocar piano.
Menino de tudo, chegava da aula de piano e, o que aprendia lá,
transformava em bolero e em samba aqui em casa. Até música clássica
ele transformava em bolero.
Isso menino? Pequeno, meu Deus. Com 8 anos de idade. Todos os
meus filhos começaram a aprender música pequenos, só quem não
aprendeu foi Rodrigo e Mabel. Nicinha toca até hoje.
A senhora sofreu muito quando Caetano foi preso na época da
ditadura e teve que se exilar em Londres? Ave-Maria, não gosto
nem de lembrar. Foram dois anos e meio de sofrimento. Primeiro, os
55 dias que ele ficou preso noRio, sem eu poder visitar. Depois o
tempo em Londres.
Como a senhora ficou sabendo que ele foi preso?
Dona Vangri, sogra de Caetano,mãe de Dedé, telefonou no dia 31 de
dezembro de 1968. A gente em casa, assim alegre, e ela dizendo que
Caetano e Gil tinham sido presos. Depois soubemos que ele tinha
cantado em palavras obscenas o hino nacional. Olha a cabeça de
Caetano pra fazer uma coisa dessa... Veja, esse foi o crime que ele
cometeu. E depois resolveram incriminá-lo por “Alegria, Alegria”,
que ninguém se conformou. Aí ele foi para Londres e ficou compondo,
fez muita amizade. Roberto Carlos foi visitar ele, outros cantores
também, ele não se sentiu muito só.
E a senhora aqui no Brasil, com saudades dele... Aqui eu só
fazia rezar. Também o que pude fazer pra ele voltar eu fiz. Teve uma
cartomante que me disse: “Olha, dona Canô, ele está preso, mas vai
voltar. E eu vou dizer uma coisa à senhora, grave bem: as televisões
que foram contra Caetano vão tocar fogo. Então um dia soubemos que
uma emissora grande tinha pegado fogo e outra menor também... [em
1969, houve incêndios em quatro emissoras: a Record, a Excelsior, a
Globo e a Bandeirantes].
E Zeca, como ele lidava com Caetano exilado? Sofria. Um dia
Chico Anysio telefonou dizendo que dava uma passagem pra Zeca ir ver
Caetano em Londres. Ele disse: “Não vou, não posso ver meu filho
exilado”. Aí mandou Rodrigo. Por isso gosto tanto de Chico Anysio.
Caetano pediu que Rodrigo levasse tudo aqui de Santo Amaro, farinha,
feijão... Depois que ele voltou, eu fazia os pacotes e mandava por
correio. A mãe de Dedé mandava também.
Vocês são amigas até hoje? Muito, dona Vangri tem muita coisa
comigo e eu com ela. O pai de Dedé era muito amigo de Zeca também.
A senhora disse, em uma entrevista na Folha de S.Paulo, que
Caetano não sabe nada de mulher. Como é que é isso? Ah, ele teve
uma mulher maravilhosa, Dedé. Agora Paulinha não posso dizer, não
posso julgar. Não me meto nem nunca me meti na vida deles. Nem
procurei saber o porquê da separação. Eles decidiram, não dei
opinião, porque não podia fazer nada. E continuo assim. Ela vem
aqui, eu trato ela muito bem. Hoje as pessoas com um mês de casado
já estão se desentendendo. Não agüentam mais elas mesmas e começam a
implicar com o outro. Eu não tive nada disso.
E como é que faz pra ser casada durante tanto tempo e ser feliz?
A pessoa tem que se empenhar em conviver com o outro. Eu não acho
que exista amor. Há compreensão e amizade. Aí, sim, perdura. A
pessoa tem que se submeter e aceitar às vezes.
Qual seu segredo para chegar aos 100 anos assim, tão inteira,
consciente e bem-humorada? Dentro do possível eu estou muito bem
de saúde, mas infelizmente perdi o equilíbrio há dois anos, quando
levei uma queda que tirou uma vértebra do lugar. Mas minha cabeça
ainda está cheia de miolos. Aprendi a viver sem procurar sair dessa
linha que fiz pra mim mesma. Viver é muito bom, mas saber viver é
melhor ainda.
(©
TPM)
Saudade de Casa

Cena de Pedrinha de Aruanda, filme sobre a vida de Maria
Bethânia
dirigido por Andrucha Waddington
Andrucha Waddington, que lança documentário sobre Maria
Bethânia este mês, conta como foi adentrar a intimidade da família
Veloso
Conheci Maria Bethânia na mesma varanda onde se dá a alma do
documentário Pedrinha de Aruanda. Isto ocorreu há 15 anos, na casa
de Dona Canô, matriarca da família. Sempre desejei trabalhar com
Maria Bethânia e, passados 13 anos, ela me convidou para registrar
seu aniversário de 60 anos, em Santo Amaro, na Bahia.
A partir deste momento, um universo extremamente particular se
revelou à minha frente e Bethânia me guiou para um mergulho profundo
em suas raízes. Quem assistir a Pedrinha de Aruanda se sentirá
dentro daquela casa, convivendo com aquela família genuinamente
brasileira.
A matriarca sempre usou a música como forma de educação e diálogo, o
que foi essencial na formação de seus filhos. O documentário se
transformou em uma homenagem a Dona Canô, com direito a uma seresta
única com participação dela, Caetano, Bethânia e familiares. É um
filme sobre a saudade de casa. O lançamento acontece em setembro,
mês de seu centenário.
(©
TPM)