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29/08/2001

Suntuosa paleta sonora de Antônio Meneses

Violoncelista pernambucano brindou o público e os próprios músicos da Sinfônica do Nordeste com uma performance que transmitiu emoção, técnica e perfeição

por PAULO SÉRGIO SCARPA

   Lamentável que uma cidade como Recife não tenha 1.931 pessoas para lotar o Teatro da UFPE, com ingressos a R$ 10 e R$ 20, para assistir o único concerto do violoncelista pernambucano Antônio Meneses, depois de 18 anos. Azar de quem não foi e que fica apenas reclamando dos “outros” que nada fazem pela Cultura no Estado.

   Interpretando com a Orquestra Sinfônica do Nordeste (OSN), sob a regência do maestro Rafael Garcia, o Concerto em Dó Maior, de Haydn e as Variações Rococó, de Tchaikovsky, Meneses mostrou que seu violoncelo possui a mais suntuosa e aristocrática paleta sonora, daí ser considerado o maior violoncelista de sua geração, embora nascido em um País sem a mínima tradição nesse instrumento. Ele ainda presenteou a platéia entusiasmada com duas peças da dificílima Suítes, de Bach – desafio para qualquer violoncelista.

   A leitura de Haydn feita por Meneses transmitiu emoção, técnica e perfeição. O executar ao vivo possibilita ao artista entregar-se mais ao instrumento já que despreocupado com as exigências da técnica e de um diretor artístico da gravadora em estúdio. Por isso, não foi estranho perceber o olhar de admiração e respeito dos músicos da OSN no grande solo do primeiro movimento.

   Da mesma forma, mostrou total domínio sobre o instrumento - um violoncelo Matteo Goffriller, de 1700, mas de fabricação moderna - nas Variações Rococó, peça de fôlego porque exige total sincronia com a orquestra e pleno domínio das mãos. Tchaikovsky amava o violoncelo, daí querer tirar do artista todas as suas qualidades de intérprete. Das duas peças das Suítes de Bach, Meneses extraiu momentos de extrema beleza e leveza sonora.

   Integrante do famoso Trio Beaux Arts, tocando ao lado do pianista Menahim Pressler e do violinista Young Uck Kim, Meneses tem uma torcida de críticos e fãs que o considera superior a Mstilav Rostropovich, Lynn Harell, Stephen Isserlis e Yo-Yo Ma. Mas é bem menos popular porque ainda falta ao pernambucano uma carreira fonográfica expressiva, gravando com orquestras conhecidas e maestros de renome. Ele deverá sanar essa falha a partir de outubro, quando se inicia uma nova turnê do Beaux Arts pelos Estados Unidos, com repertório com música moderna e contemporânea e o suporte da Phillps. (Jornal do Commercio)


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