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Os sentidos de Alceu Valença

18/10/2003

Alceu Valença grava seu quinto disco ao vivo: dessa vez, o álbum vem acompanhado de DVD, em setembro

 

Cantor e compositor pernambucano aproveita show para gravação de DVD e produz também um CD, o quinto ao vivo de sua carreira

Irlam Rocha Lima
Da equipe do Correio

   Alceu Valença resistiu à idéia de gravar mais um disco ao vivo. Afinal de contas, já havia gravado quatro. Mas acabou convencido por Liber Gadelha, diretor do selo Indie Records, que havia tocado guitarra no álbum Como vovó já dizia — só com músicas de Raul Seixas —, lançado pelo cantor e compositor pernambucano na década passada.

  ‘‘O Liber já me conhecia de outros carnavais. Sabendo da minha performance em palco, me procurou propondo a gravação de um DVD. Aí aproveitamos o material para fazer o CD Ao vivo em todos os sentidos’’, conta Alceu. O registro foi feito durante show realizado em 17 de maio na Fundição Progresso, Rio de Janeiro.

  ‘‘O show virou uma grande celebração, com a participação de sete mil pessoas que pagaram ingresso. Houve momento em que fui para a platéia cantar ciranda e acabei sendo carregado nos braços pelo público. Tenho certeza de que muitos políticos gostariam de estar no meu lugar’’, brinca.

  Para que pudesse passar para CD e DVD o clima de festa, Alceu se cercou de uma banda formada por 16 músicos, incluindo um naipe de sopros. ‘‘São instrumentistas que costumam tocar comigo no carnaval do Recife’’, explica. ‘‘O resultado, acredito, foi tão empolgante que quem ouvir o CD vai querer sair dançando.’’

  No caso, o artista — quase sempre imodesto — está com a razão. Desde a audição de Bicho maluco beleza e Diabo louro (as duas primeiras faixas do álbum), a pessoa vai se imaginar subindo e descendo as ladeiras de Olinda durante a folia. Mas há outros climas proporcionados pela releitura de clássicos como Anunciação, Como dois animais, Estação da luz, Morena tropicana, Na primeira manhã, Anunciação e Tomara.

  No repertório, às consagradas se juntaram canções pouco conhecidas da obra de Alceu, como Amor covarde, Rubi, Dolly Dolly, FM rebeldia e Maracatu — poema de Ascenso Ferreira musicado pelo compositor. Novidade mesmo neste trabalho é Júlia, Júlio, que tem a participação do gaitista Flávio Guimarães, líder da banda Blues Etílicos. ‘‘Esse blues eu criei pensando num outro projeto, o Calendário musical, que ainda espero realizar’’, comenta.

Serviço
Ao Vivo em Todos os Serntidos
Novo CD de Alceu Valença, produzido por Paulo Rafael, com 20 faixas. Lançamento da Indie Records. Preço: R$ 24,00.
 

(© Correio Braziliense)

Alceu Valença lança sua coletânea 'autorizada'

O cantor revisita sua carreira multifacetada no CD e DVD 'Ao Vivo em Todos os Sentidos'

ADRIANA DEL RÉ

   O cantor e compositor Alceu Valença tem mais coletâneas do que realmente gostaria de ter. Mesmo porque grande parte delas, segundo o cantor pernambucano, não leva sua marca. "Existem muitas coletâneas minhas e, para elas, eu não sou consultado", reclama ele. "Então, misturam alhos com bugalhos." A resposta do compositor é seu novo CD e DVD, Alceu Valença - Ao Vivo em Todos os Sentidos, lançado pela Indie Records.

   O álbum é uma espécie de coletânea autorizada. Afinal, foi Alceu quem escolheu cada uma das canções, que contemplam todas as facetas de seus 30 anos de estrada. Ou melhor, quase todas. O forró ficou de fora, apesar de o gênero já ter sido amplamente explorado em recentes CDs do cantor: Forró de Todos os Tempos (1998), Sertanejo e Forró (98) e Forró Lunar (2001).

  "Eu nunca tinha feito um disco que tivesse todas essas matrizes: músicas que são uma fusão com o rock, com o blues; canções urbanas, que falam sobre cidade grande; o maracatu; os frevos com orquestra", comenta. "Neste disco, apesar dessa diversidade de composições, timbres e maneiras de cantar, existe uma conexão de uma música para outra. Existe um sentido harmônico no geral." É o que o compositor gostaria que outras coletâneas suas, as não autorizadas, tivessem.

  A miscelânea não causa surpresas. Alceu Valença é um cantor de muitos ritmos, gêneros e espetáculos. Ele se gaba em dizer que possui quatro tipos de shows, que são tirados da manga de acordo com o lugar onde se apresenta.

  No projeto Ao Vivo em Todos os Sentidos, Alceu exercita toda esse ecletismo que lhe é peculiar numa gravação realizada em um único dia, no Espaço Fundição Progresso, no Rio, com platéia e tudo mais. O resultado é um CD que reúne 20 faixas, a maioria de grandes sucessos como Bicho Maluco Beleza, Perdeu o Cio, Tropicana (Morena Tropicana), Estação da Luz e Como Dois Animais. No DVD, há mais músicas.  

  Filme - Não é o primeiro álbum ao vivo com a marca Alceu Valença, mas é o primeiro DVD, com cenas de bastidores, faixas bônus e todos os outros extras que tem direito. A idéia do DVD veio primeiro que o álbum homônimo. Certo dia, o presidente da Indie Records, Liber Gadelha, resolveu procurar Alceu Valença, após vê-lo destilar sua irreverência num programa de televisão. Gadelha ficou sabendo também que o músico arrastava multidões para seus shows, inclusive muita gente jovem.

  Gadelha disse a Alceu que queria conversar. Mesmo escaldado com as gravadoras, o compositor pernambucano, dos cabelos compridos, sorriso fácil e forte sotaque de São Bento do Una (cidade onde nasceu), quis saber o que Gadelha tinha a lhe oferecer.

  O proprietário da Indie propôs, então, um registro de seu show, assumindo todos os riscos e prejuízos caso o músico não gostasse do resultado. "Ele me deu as condições todinhas para gravar o CD e o DVD. Achei que DVD não ia dar tempo", diz Alceu. Não houve ensaios, nem platéia especialmente convidada para a ocasião. "Mas na hora H saiu o DVD. Quem esteve na Fundição viu: gravamos direto, uma loucura total." Além do projeto ao vivo, Alceu tem em contrato com a Indie mais um CD, desta vez de inéditas, para o qual o compositor diz já ter músicas prontas.

  Não é novidade para ninguém que Alceu Valença sempre manteve uma relação complicada com as grandes gravadoras. A razão? A vontade de quererem direcionar sua carreira. "Essas gravadoras pediam para eu gravar tal canção e eu não gravava. Por causa disso, minhas músicas não iam para a rádio", conta. "E quando elas me tiravam da rádio, eu ficava rindo, porque eu ia para as ruas fazer meus shows e adquiri um público de mais de 1 milhão de pessoas por ano."

   Para evitar aborrecimentos, há cerca de cinco anos Alceu Valença lança seus discos por selos independentes. No ano passado, ele lançou nas bancas seu 26.º disco-solo, De Janeiro a Janeiro (pelo seu selo Tropicana), que veio encartado numa revista de música. Agora, com este trabalho ao vivo, Alceu se prepara para a turnê com o novo formato de show.

  Além disso, o músico aguarda ansiosamente a resposta do Ministério da Cultura. Explica-se: Alceu enviou ao MinC o roteiro de um filme, escrito por ele, todo em verso e com diálogos rimados, com o título de Cordel Virtual.

  Caso seja aprovado, ele poderá começar a captar recursos por meio de leis de incentivo. "É um musical, tem uma história ficcional. Tem um artista, que pode ser eu ou não", diz Alceu, que prefere não dar mais detalhes sobre o assunto. Pelo menos, não por enquanto.

O Estado de S. Paulo)

Com relação a este tema, saiba mais (arquivo NordesteWeb)


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