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Há 30 anos, o último vôo da Ave Sangria

A banda Ave Sangria (à esquerda, o cartaz do último show)

Sem saber que seriam as últimas apresentações, os integrantes da banda fizeram dois shows impecáveis

JOSÉ TELES

   Nos dias 28 e 29 de dezembro de 1974, a hoje cult e lendária Ave Sangria fazia no vetusto Teatro Santa Isabel o show Perfumes Y Baratchos. Foi uma curta temporada de apenas duas concorridas apresentações(com tanta gente no lado de fora, que na metade de cada show, o vocalista Marco Polo mandava que os portões fossem abertos). Foi a mais bem sucedida apresentação da curta carreira da Ave Sangria. No entanto, aquele seria o canto de cisne do grupo, que se dissolveria logo depois.

   De prestígio em alta em Pernambuco e no Sudeste, onde algumas das faixas do único álbum que lançaram tocavam bem no rádio, Marco Polo, Almir de Oliveira, Agrício Noya (o Juliano), Ivson Wanderley (Ivinho), Israel Semente Proibida, e Paulo Rafael davam a volta por cima depois do baque sofrido com a censura e apreensão do primeiro e único LP, por causa da faixa Seu Valdir (o disco foi relançado sem esta música): “A gente estava no maior pique, mas manter uma banda de rock no Brasil na época era muito complicado. Lembro que levei o disco para a Rádio Tamandaré, na época a mais refinada da cidade e a moça que me atendeu, o nome era Norma, deve ter achado a música muito estranha, e não tocou. Além do mais, a Ave Sangria só vivia entrando em rolo. Como eu ainda era menor, faziam as coisa no meu nome. O Santa Isabel, por exemplo, foi alugado assim. Fui eu que fui numa tal Censura Estética da Polícia Federal liberar os cartazes do show", recorda o guitarrista e produtor Paulo Rafael, hoje morando no Rio. Geneton Moraes Neto, atualmente diretor de redação do Fantástico, em 1974, cobria a cena músical pernambucana daquela década e assinava a coluna Ensaio Geral, no Diario de Pernambuco. Ele lembra de um dessas confusões com os Rolling Stones do Nordeste, como a Ave Sangria era também conhecida, tanto pela música quanto pelos rolos que protagonizava: “Eles eram muito invocados. Uma vez um dos integrantes teve algum problema com a polícia, e os caras foram na redação para pedir que o jornal não publicasse a notícia. Fiz entrevistas com eles, dei muitas notas, mas não vi esse último show”, testemunha.

   Lailson, o cartunista do DP, fez a direção musical de Perfumes Y Baratchos , e também o responsável pela arte do cartaz (restaurando a ave do logotipo do grupo, semelhante a um carcará, que foi refeita de forma grosseira, no Rio, para a capa do disco Ave Sangria, saído pela Continental). Para ele, aquela foi uma morte de certa forma anunciada: “Lembro que pouco antes do show, Marco Pólo chegou a comentar comigo que pretendia partir para carreira solo”.

JC Online)


Um fim de certa forma anunciado


Paulo Rafael, Zé da Flauta e Lailson

   Lailson recorda que sentia um certo clima de rivalidade entre Almir e Marco Pólo, enquanto Israel era uma estrela à parte. “Acho que o afastamento de Rafles, espécie de relações pública deles, contribuiu para o fim”, conclui. Paulo Rafael destaca a participação de Ivinho: “Ele era meio militar, levava tudo muito a sério. Quando a gente entrou no palco, havia um bocado de castiçais, da decoração bolada por Kátia Mesel. Ivinho, quando viu aquilo reclamou, ‘Tá parecendo coisa de macumba’”. Além das velas tinha ao fundo um castelo:” Pegamos de um cenário do teatro, acho que de alguma ópera”. Marco Polo, atualmente na Continente Multicultural, numa entrevista ao crítico Héber Fonseca (no JC), dois dias antes do show, não parecia pensar em carreira solo: “Não é ainda o trabalho da Ave Sangria. Há apenas um esboço, uma insinuação, é dela que vamos partir para outros caminhos”. O produtor Zé da Flauta, então no Ala D’Eli, efêmera banda de Robertinho do Recife, tocou flauta e sax no Perfume Y Baratchos. Ele também não imaginava que aquele seria o início do fim da banda: “Pensava que dali eles iniciariam uma nova fase”.

   O certo é que Ave Sangria fez duas apresentações tecnicamente impecáveis: “O show começa com um tema meu, A grande lua, meio Pink Floyd. Os amplificadores Milkway, de Maristone (dono do melhor som de palco do Recife nos anos 70), se a gente mexesse uns botõezinhos faziam a guitarra soar feito um sintetizador”, conta Paulo Rafael. “Nesses dois shows fizemos várias músicas inéditas”, completa Marco Polo.

   Há unanimidade entre Zé da Flauta, Paulo Rafael ou Marco Polo (Agrício Noya, Ivinho e Almir de Oliveira não foram localizados para esta matéria. Israel Semente já faleceu) sobre o catalisador da dissolução da Ave Sangria: “No início de janeiro, Alceu, que namorava a banda há muito tempo, fez o convite para os músicos tocarem com ele no festival Abertura da TV Globo. Eu ainda fiz alguns shows no Rio, aqui, com Israel, mas já estava casado, com filho, decidi voltar ao jornalismo”, conta Marco Polo. O guitarrista Paulo Rafael completa: “Não teve assim um ‘vamos acabar’. Depois do Abertura a gente se questionou. Eu queria sair de casa, uns já estavam casados, economicamente não havia no momento outra coisa a fazer. Continuamos tocando com Alceu”.

   O Ave Sangria voltaria a reunir-se mais uma vez, para gravar um clipe para o Fantástico, de Geórgia Carniceira. Almir de Oliveira (que não foi tocar com Alceu Valença) revelou que o clipe foi um equívoco da produção da Globo: “Queriam era a banda de Alceu, mas acabaram chamando a Ave Sangria”. O clipe, gravado num estúdio em Botafogo, nunca foi ao ar. Permanece até hoje nos arquivos da emissora carioca.

JC Online)


Entrevista com Márcio Antonucci


Capa do disco Ave Sangria

JOSÉ TELES

   Com o irmão Ronaldo, Márcio Antonucci, formou uma das mais famosas duplas da jovem guarda, responsável por sucessos como A Volta, Emoção, Largo Tudo e Venho te Buscar. Até hoje a dupla continua, embora restrita ao Sudeste e Centro-Oeste. foi Antonucci o responsável pela produção do LP do Ave Sangria. Três décadas depois, ele ainda lembra e detalhes as sessões com o grupo pernambucano, desfazendo a idéia de era inexperiente como produtor.

 

Jornal do Commercio - Antes do Ave Sangria você já havia produzido quais artistas?

Márcio Antonucci
- Eu produzi tantos artistas e fiz tantos projetos, que não me recordo de quem, ou quais eu produzi antes do Ave. De qualquer forma, só nos anos 60 eu produzi Marcos Roberto, Sérgio Reis, Dori Édson, os Jordans, Demétrius, todos da Jovem Guarda. Nos 70 eu produzi os Novos Baianos (Futebol Clube), Luiz Melodia (Juventude Transviada), Os Motokas (12 volumes), os Famks (hoje Roupa Nova), Samba, Suor e Ouriço, abertura de novelas, Osmar Milito, Carlos Lyra, Painel de Controle e muitos outros. Eu era bem eclético... rsrsrs.

JC - A propósito, nos Vips, quem produzia vocês? E como era o esquema de produção na época da jovem guarda?

MA - No início de carreira na Continental éramos eu e o Roberto Carlos. Depois nós fomos pra CBS e foi o Jairo Pires. Já na BMG foi o Osmar Navarro e depois na volta à Continental novamente fui eu.

JC - Os caras do Ave Sangria dizem que você ficou meio surpreso com aquele bando de nordestinos, e que eles até trouxeram peixeiras pro estúdio (pra tirar onda, apenas).

MA - Tudo história, para tirar onda apenas. Eu não tinha porque ficar surpreso com nada porque já tinha mais de 15 anos de carreira e conhecia todas as vertentes da MPB. Mas eles foram uma agradável surpresa pela personalidade. Sabiam o que queriam e tenho certeza que uma delas era não gravar tão rápido naquelas condições.

JC - Como foi o processo de produção do disco? É verdade que você não queria gravar algumas músicas que os caras trouxeram (uma dessas, segundo Almir de Oliveira, o baixista, de cabelo blackpower, chama-se fora da paisagem)

MA - Sabe como é, a gente sempre quer colocar um pouco da nossa experiência no processo. Apesar de ser um disco totalmente autoral, tentei ajudá-los com minhas dicas. Mas aquela música era muito ruim. Não sei se a ouvindo hoje eu vou gostar...

JC - O grupo tocou com quais instrumentos, já que não possuía boa aparelhagem?

MA - Não me lembro! Não sei se tocaram com os deles, ou se aluguei.

JC - Como foi o relacionamento de vocês durante as sessões de gravação?

MA - De minha parte, a melhor possível. Me lembro muito bem das brincadeiras e gozações que a gente fazia, mas na hora do "vamu vê" o pau comia... (risos)

JC - Alguma coisa em especial lhe chamou atenção no grupo?

MA - Sem dúvida o Ivinho e o Marco. Eles eram diferenciados.

JC - Você lembra se houve alguma sugestão da gravadora para amaciar o som da banda? Ao vivo eles eram mais pesados, enquanto no disco soam bem mais acústicos.

MA - Não, não houve nada disso. O que houve é que o estúdio que a gente gravou era muito ruim para rock´n´roll e aí o som ficou meio amaciado...

JC - Em quantos dias vocês gravaram o disco? Alguma música gravada acabou sobrando?

MA - Penso que em uma semana, mais ou menos. Eles vieram por conta da gravadora e cada dia no rio contava grana. Uma pena, porque não deu pra mexer muito no que já veio ensaiado.

JC - Não sei se você lembra, mas o álbum, pouco tempo depois de lançado foi proibido pela censura federal por causa da faixa Seu Valdir, que contava uma paixão de um rapaz por um senhor mais velho. Você lembra do episódio, ou dessa música?

MA - Lembro e disse pro pessoal no estúdio que a música era boa, mas muito difícil de ser aceita. Aconteceu... Depois o Ney Matogrosso regravou e fez um sucesso relativo com ela.

JC - E depois? Você continuou produzindo outros artistas?

MA - Até hoje faço meus trabalhos de produção. No ano passado produzi os CDs do Louro José e da Ana Maria Braga, que teve como convidados Zezé & Luciano, Fabio Jr., Leonardo e o Xande, mas penso que o meu maior sucesso foram os 30 anos da Jovem Guarda, os 5 CDs gravados em 1995, que até hoje venderam mais de três milhões de cópias. Eu disse três milhões de cópias. E ninguém fala nada sobre isso. Coisas do Brasil...

JC - Bem, o grupo acabou no final de 1974, o guitarrista, Ivson Wanderley sofre e problemas psicológicos. O baterista suicidou-se. O percussionista teve alguns problemas e parou com a música profissionalmente. O guitarrista base, Paulo Rafael, hoje é produtor e toca com Alceu Valença (desde 1975), o vocalista, Marco Polo, é jornalista, e o baixista, Almir, é engenheiro da Prefeitura de Olinda. Parte do grupo voltou a gravar este ano, aqui no Recife, numa coletânea, com músicas do disco que você produziu e com algumas que só chegaram a tocar em shows.

MA - Lamento muito pelo Ivinho, como eu disse antes um músico diferenciado. O Paulo, às vezes vejo porraí (sic). Gostaria muito de reencontrar o Marco, o Paulo e o Almir pra gente bater um bom papo. Quem sabe, quando a Prefeitura do Recife decidir levar os vips novamente aos shows que fazem todos os anos no Cais do Porto restaurado e você for o nosso "manager"... Quero ouvir este CD, sem dúvida. Como eu faço?

JC Online)


Ave Sangria, os "Stones do Nordeste"

* José Teles

    Eles usavam batom, beijavam-se na boca em pleno palco, faziam uma música suja, com letras falando de piratas, moças mortas no cio. E eram muito esquisitos; "frangos", segundo uns, e uma ameaça às moças donzelas da cidade, conforme outros. Estes "maus elementos" faziam parte do Ave Sangria, ex-Tamarineira Village, banda que escandalizou a Recife de 1974, da mesma forma que os Rolling Stones a Londres de dez anos antes. Com efeito, ela era conhecida como os Stones do Nordeste.

    "Isto era tudo parte da lenda em torno do Ave Sangria" - explica, 25 anos depois, Rafles, o ministro da informação do grupo. "O baton era mertiolate, que a gente usava para chocar. Não sei de onde surgiu esta história de beijo na boca, a única coisa diferente na turma eram os cabelos e as roupas." Rafles por volta de 68, era o "pirado" de plantão do Recife. Entre suas maluquices está a de enviar, pelo correio, um reforçado baseado, em legítimo papel Colomy, para Paul McCartney. Meses depois, ele recebeu a resposta do Beatle: uma foto autografada como agradecimento.

    Foi Rafles quem propôs o nome Tamarineira Village, quando o grupo tomou uma forma definitiva, com a entrada do cantor e letrista Marco Polo. Isto aconteceu depois da I Feira Experimental de Música de Fazenda Nova. Até então, sem nome definido, Almir Oliveira, Lula Martins, Disraeli, Bira, Aparício Meu Amor (sic), Rafles, Tadeu, e Ivson Wanderley eram apenas a banda de apoio de Laílson, hoje cartunista do DP.

    Marco Polo, um ex-acadêmico de Direito, foi precoce integrante da geração 45 de poetas recifenses. Com 16 anos, atreveu-se a mostrar seus poemas a Ariano Suassuna e a Cesar Leal. Foi aprovado pelos dois e lançou seu primeiro livro em 66. Em 69, iniciou-se no jornalismo, como repórter do Diário da Noite. Logo ganhou mundo. Em 70, trabalhou por algum tempo no Jornal da Tarde, em São Paulo, mas logo virou hippie, trabalhando como artesão na desbundada praça General Osório, em Ipanema. O primeiro show como Tamarineira Village foi o Fora da Paisagem, depois do festival de Fazenda Nova. Vieram mais dois outros shows, Corpo em Chamas e Concerto Marginal. A partir daí a banda amealhou um público fiel.

Ciganos

    A mudança do nome aconteceu quando o grupo passou a ser convidado para apresentações em outros Estados. Os músicos cansaram-se de explicar o significado de Tamarineira Village. O Ave Angria, segundo Marco Polo, foi sugestão de uma cigana amalucada, que encontraram no interior da Paraíba: "Ela gostou de nossa música e fez um poema improvisado, referindo-se a nós como aves sangrias. Achamos legal. O sangria, pelo lado forte, sangüíneo, violento do Nordeste. O ave, pelo lado poético, símbolo da liberdade do nosso trabalho.

    Na época, o som do Quinteto Violado era uma das sensações da MPB. Não tardou para as gravadoras mandarem olheiros ao Recife em busca de um novo quinteto. A RCA foi uma delas. O Ave Sangria foi sondado e recusou a proposta (a RCA contratou a Banda de Pau e Corda).

    O disco viria com a indicação da banda, pelo empresário dos Novos Baianos, à Continental, a primeira gravadora a apostar no futuro do rock nacional. Antecipando a gozação por serem nordestinos, os integrantes da banda chegaram no estúdio Hawai, na Avenida Brasil, Rio, todos de peixeira na mão: "Falamos para o pessoal ter cuidado, porque a gente vinha da terra de Lampeão", relembra Almir Oliveira. Foi um dos poucos momentos de descontração da banda. Com exceção de Marco Polo, nenhum dos integrantes conhecia o Rio e jamais haviam entrado num estúdio de gravação.

De peixeira na mão

    Como agravante, quem produziu o disco foi o pouco experiente Marcio Antonucci. Ex-ídolo da Jovem Guarda (formou a dupla Os Vips, com o irmão Ronaldo), Antonucci ficou perdido com o som que tinha em mãos, e o pôs a perder: "Ele não entendeu nada daquela mistura de rock e música nordestina que a gente fazia, e deixou as sessões rolarem. O diabo é que a gente também não tinha a menor experiência de estúdio", conta o guitarrista Paulo Rafael. Resultado: o disco acabou cheio de timbres acústicos. O Ave Sangria, involuntariamente, virou uma espécie de Quinteto Violado udigrudi. E adulterado não foi apenas o som. A gravadora não topou pagar pela arte da capa e colocou em seu lugar um arremedo do desenho original, assinado por Laílson.

    O disco, mesmo pouco divulgado, conseguiu relativo sucesso no Sudeste, e vendeu bastante em alguns Estados do Nordeste. Uma das músicas que fizeram mais sucesso, e polêmica, foi o samba-choro Seu Waldir. "Seu Waldir o senhor/ Machucou meu coração/ Fazer isto comigo, seu Waldir/ Isto não se faz não... Eu quero ser o seu brinquedo favorito/ Seu apito/ Sua camisa de cetim..." Numa época em que a androginia tornava-se uma vertente da música pop. Lá fora com o gliter rock de David Bowie, Gary Glitter e Roxy Music com Alice Cooper, a aqui com o rebolado dos Secos & Molhados, Seu Waldir foi considerado pelos moralistas pernambucanos como uma apologia ao homossexualismo, quando não passava de uma brincadeira do irreverente do Ave Sangria.

    Seu Waldir por pouco não vira mito. Uns diziam que era um senhor que morava em Olinda, pelo qual o vocalista do Ave Sangria apaixonara-se. Outros, que se tratava de um jornalista homônimo. Enfim, acreditava-se que o tal Waldir era um personagem de carne e osso. Marco Polo esclarece a história do personagem "Eu fiz Seu Waldir, no Rio, antes de entrar na banda. Ela foi encomendada por Marília Pera para a trilha da peça A Vida Escrachada de Baby Stomponato, de Bráulio Pedroso, que acabou não aproveitando a música".

    O Departamento de Censura da Polícia Federal não levou fé nesta versão. Proibiu o LP e determinou seu recolhimento em todo território nacional. A proibição incitada, segundo os integrantes do Ave Sangria, pelo hoje colunista social do Diário de Pernambuco, João Alberto: "Ele tocava a música no programa de TV que ele apresentava e comentava que achava um absurdo, que uma música com uma letra daquelas não poderia tocar livremente nas rádios", denuncia Rafles. Almir Oliveira diz que lembra dos comentários do jornalista na televisão: "Mas não atribuo diretamente a ele. Se não fosse ele, teria sido outra pessoa, a música era mesmo forte para a época", ameniza. A proibição, segundo comentários da época, deveu-se a um general, incentivado pela indignação da esposa, que não simpatizou com a declaração de amor a seu Waldir.

    O disco foi relançado sem a faixa maldita, mas aí o interesse da mídia pelo grupo já havia passado. A Globo, por exemplo, desistiu de veicular o clipe feito para o Fantástico, com a música Geórgia A Carniceira. O grupo perdeu o pique: "A gente era um bando de caras pobres, alguns já com filhos, a grana sempre curta. No aperto, chegamos até a gravar vinhetas para a TV Jornal (uma delas para o progrma Jorge Chau)", relembra Marco Polo.

    Em dezembro de 1974, o Ave Sangria parecia querer alçar vôo novamente. O grupo fez uma das suas melhores apresentações, com o show Perfumes & Baratchos. O público que foi ao Santa Isabel não sabia, mas teve o privilégio de assistir ao canto de cisne da Ave Sangria. Foi o último show e o fim da banda.

* José Teles é jornalista em Recife e autor do livro 'Do Frevo ao Manguebeat' (Editora 34).

Senhor F)

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