"Eu sou um falador descarado": é assim que Tom Zé justifica a confusão que arrumou no lançamento do documentário "Fabricando Tom Zé", que estréia nesta sexta no Festival do Rio. Em entrevista à imprensa na quinta, Tom Zé mentiu que pretendia processar o diretor, Décio Matos Jr., por incluir declarações de Caetano e Gilberto Gil no filme contra sua vontade. Perguntado sobre o caso, hoje o músico disse rindo ao G1 "eu falei isso pensando que era uma boa coisa para a divulgação do filme, aí inventei essa história toda".

Ele conta que resolveu desmentir a história porque a produção do festival ameaçou cancelar a exibição do filme, o que gerou desentendimento entre o músico e o cineasta. "Passamos o dia brigando, mas ele precisa entender que eu sei as regras da comunicação de massa", diz Tom.

Sobre a polêmica da inclusão de depoimentos de Caetano e Gil na fita, Tom Zé afirma que se sentiu envergonhado com o fato de ficar numa posição de cobrar uma explicação deles em função de dificuldades de relacionamento do passado. "Quando o Décio me disse que ia entrevistar Caetano e Gil eu quase pego uma faca. Passei a minha vida toda sem nunca fazer esse tipo de coisa, então fiquei com vergonha, era como se eu estivesse realmente fazendo uma queixa", explica o músico, que diz que a "raiva e a competição" marcaram a relação com os dois na época do Tropicalismo. Por conta disso, Tom Zé e o diretor passaram dois meses sem se falar. Mas nada de processo.

Apesar das divergências, o músico diz estar satisfeito e não poupa elogios à equipe e ao filme, que mostra os bastidores de sua turnê na Europa em 2005. Foram cerca de 250 horas de filmagem acompanhando os shows do artista, que completa 70 anos em outubro. "Coitado do Décio, ele saiu do ovo para fazer esse filme e, vou te dizer, é um filme bom", afirma o músico. "Somos como pai e filho", diz o cineasta rindo.

"Fabricando Tom Zé" será exibido no domingo, no Espaço Unibanco 3, às 16h15 e 21h45.

(© G1)