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Caixa recupera música dos anos 70

11/06/2008

Alceu Valença, um dos que teve suas gravações recuperadas

 
Coleção com 19 discos inclui "Acabou Chorare", dos Novos Baianos, e raridades de Moraes Moreira e Alceu Valença

As muitas experiências da década, em que samba, baião e rock progressivo não eram excludentes, aparecem em outros títulos

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

No meio de uma variada coleção de 19 discos que vão do clássico ao pop, passando pelo samba-enredo, muita gente pode lembrar que os títulos escolhidos são inferiores a outros do acervo da Som Livre -que abrange os da RGE e da Fermata. Mas o certo é que não há joio no trigo que o titã Charles Gavin tem relançado em CD.

Basta dizer que no pacote há "Acabou Chorare" (1972), dos Novos Baianos. Não é apenas o melhor álbum do grupo de Moraes Moreira, Baby então Consuelo etc., mas um dos melhores discos já feitos no Brasil.

É marcado pela influência de João Gilberto sobre eles, e une samba, rock, onomatopéias e grandes idéias. Muito do que Marisa Monte e outros fizeram e fazem têm seu berço ali. No repertório, "Brasil Pandeiro", "Preta, Pretinha", "Mistério do Planeta", "Menina Dança"... E Moraes ainda está na coleção com "Lá Vem o Brasil Descendo a Ladeira" (1979).

O grande achado é mesmo a faixa-título, em que o antigo samba carioca, a bossa nova e os sons baianos se encontram. O excesso de guitarras baianas cansa os ouvidos de hoje, mas o disco tem boas composições como "O Prometeu".

"Vivo!" (1976), de Alceu Valença, teve grande importância em sua carreira, pois foi o resultado do show "Vou Danado Prá Catende", que firmou seu nome no eixo Rio-São Paulo.

Acompanhado de Zé Ramalho e outros, Alceu mostra ali o caráter performático de suas interpretações, a sem-cerimônia ao fundir sons dos mais variados e a qualidade de suas composições, entre elas "Pontos Cardeais" e "Sol e Chuva".

Outros títulos
As muitas experiências dos anos 70, em que samba, baião e rock progressivo não eram excludentes, aparecem em outros títulos da coleção.

Por exemplo: "Trio Mocotó" (1973), com o próprio; "Casa das Máquinas" (1974), idem; "Nossa Imaginação", com Don Beto; e "Joelho de Porco" (1978), com os roqueiros teatrais iconoclastas de São Paulo.

Todos têm qualidade e, além disso, permitem que se faça um reconhecimento das experiências da décadas.

Um disco dos anos 70 bem mais calmo é "Passaredo" (77), de Francis Hime. É um de seus melhores trabalhos, pois une ótimas parcerias com Ruy Guerra ("Máscara", "Último Retrato", "Carta") e Chico Buarque ("Trocando Miúdos", a faixa-título e duas infelizmente pouco conhecidas: "Maravilha" e "Luísa"). Um trabalho com muita beleza mas nem tanta alegria.
O romantismo e a bossa nova estão presentes em "Vanguarda", disco do cantor de vozeirão Agostinho dos Santos que já é interessante pelo título, e "Canção do Amor Mais Triste", em que Maysa reafirma sua fossa de voz de veludo. A hoje pouco lembrada Claudia também tem um disco ousado, de 1967, em que gravava os então jovens Gilberto Gil e Chico Buarque.

A ala instrumental, paixão de Gavin, está muito bem representada por Hector Costita e seu sexteto. No disco de 64, em que conta com participações como a do baterista Edison Machado, o saxofonista mostra sua maneira muito própria de interpretar as canções da bossa nova. Não envelheceu em nada.

Talvez um outro item da coleção não tenha sobrevivido ao tempo, mas valor histórico não há um que não tenha.

SOM LIVRE MASTERS
Artistas:
vários
Gravadora: Som Livre
Quanto: R$ 25 cada, em média, cada um
 

(© Folha de S. Paulo)


Trama também relança álbuns da Som Livre

Depois de passar anos apenas deixando seu catálogo juntar pó na estante, a Som Livre parece ter decidido desovar todo seu catálogo de uma só vez.

Além das séries RGE Clássicos, Som Livre Masters 1 e 2 e do vindouro pacote de trilhas antigas, a gravadora fez um acordo com a Trama e repassou para eles a tarefa de reeditar mais alguns discos de seu acervo, na série Arquivos RGE.

O melhor lançamento é, sem dúvida, o moderníssimo Octeto de César Camargo Mariano (1966), mas há ainda os bonzinhos Mico de Circo (1978), terceiro disco de Luiz Melodia, e a estréia homônima do Azymuth, então Azimuth (1975). E há o curioso, divertido e cafona Robson Jorge e Lincoln Olivetti (1982).

Fundo de Quintal, Jorge Aragão, Teodoro & Sampaio, Chico Rey & Paraná e Pena Branca & Xavantinho completam a coleção de 18 CDs.

As capas horrorosas, a falta de informações básicas como ano de lançamento e a falta de apuro geral surpreende ao se tratar da Trama, geralmente tão caprichosa em seus relançamentos. (RE)

(© Folha de S. Paulo)


Vídeo:

Veja Alceu Valença em janeiro de 1983 no programa do Chacrinha

Com relação a este tema, saiba mais (arquivo NordesteWeb)


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