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A iluminada Isaar Cantora é afro e zen em seu CD solo

11/06/2008

Isaar lança o CD Azul Claro


Ela adotou a simplicidade ao gravar um disco que não estava em seus planos. O resultado: um dos melhores álbuns lançados este ano


JOSÉ TELES

Quem admira o timbre suave, a afinação da voz de Isaar, estranhava o fato de ela não ter lançado disco individual. Desde que começou com a Comadre Florzinha, no auge do movimento mangue, Isaar optou por ser apenas mais uma integrante do grupo. Da mesma forma como faz até hoje na banda de DJ Dolores. Era inevitável, no entanto, que ela gravasse solo, afinal, uma estrela dotada de tanta luz própria não poderia se limitar eternamente a iluminar outros astros. Modesta, Isaar garante que um disco só seu era coisa com a qual nem pensava: “Recebi um convite para participar de um disco só de mulheres, que seria lançado lá fora. Gravei então a música Anum azul, com participação do maestro Forró, João Cello, mas o projeto não aconteceu, e ela acabou no CD Music from Pernambuco. Foi por esta música que comecei a idéia de montar uma banda para fazer um disco”, conta a tranqüila Isaar, com seu jeito manso de falar meio zen, de quem deixa a vida tomar seu curso.

Foi assim quando passou a se interessar por música, ou melhor, pelo Carnaval: “Tocava percussão, mineiro, quase sempre em maracatu rural, não imaginava que um dia iria viver de música”. A família até então não se incomodava com os arroubos carnavalescos da filha. Ela passou a colocar a música em primeiro lugar e a sofrer oposição em casa: “Quando só era brincadeira eles aceitavam. Depois ficaram contra, mas agora já estão acreditando que eu possa viver de música”, comenta a cantora, que integrou a Comadre Florzinha até 2004, chegando a morar com o grupo em São Paulo: “Fiquei enquanto a gente trabalhava no Teatro Oficina”, diz Isaar.

Com DJ Dolores ela vem se apresentando com mais freqüência, tanto aqui quanto no exterior. Mas não se esquiva de participar de projetos de amigos. São vários os discos que contam com a voz privilegiada de Isaar. Ela já deu canjas para projetos de Antonio Nóbrega, Silvério Pessoa, Mundo Livre S/A, Eddie, Zé Neguinho do Coco. Mesmo com o belo Azul claro engatilhado para a divulgação, Isaar permanece fiel à sua carreira com a DJ Dolores & Aparelhagem: “Ano que vem continuo com DJ Dolores, não sei ainda quando começo a trabalhar meu disco, mas como a gente já vem fazendo shows com este repertório, com os mesmos músicos, quando a gente for trabalhar o CD o show já estará pronto”.

A simplicidade é a marca de Azul claro. Nas dez faixas do disco Isaar está acompanhada por Sidclei (bateria, zabumba), Gabriel (guitarra) e Lito (baixo). Os convidados são poucos. As irmãs Baracho, o Maestro Forró, João Cello. Quase todas as músicas levam a assinatura de Isaar e parceiros: “Tem algumas mais antigas, porém muitas foram feitas quando começamos a pensar neste projeto”, conta. Um projeto que também foi realizado dando tempo ao tempo: “Demorou mais ou menos um ano para terminar o disco, desde que conseguimos o patrocínio (da Chesf). Num estúdio foram gravadas a bateria e a percussão, no Unisom foram gravadas as vozes. Enquanto isto a gente ia fazendo shows com as músicas que estavam sendo produzidas”, conta Isaar. Ela não sabe ainda quando será o lançamento oficial do disco

DISCO – Isaar conseguiu um resultado louvável. Embora impregnado de ritmos pernambucanos, as canções de Azul claro têm sotaque universal. Ela e sua econômica banda conseguiram captar o africanismo latente em quase toda a música nordestina. Nada mais africano do que Pescador, uma ciranda, que tem as vozes hoje raras das irmãs Baracho. Mesmo Take a mother’s ship, em inglês, não altera o clima afro-pernambucano deste disco brilhante.

(© JC Online)


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