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Pernambuco canta e o mundo ouve

11/06/2008

Álbum Pernambuco cantando para o mundo, produzido pela loja Passa Disco, mantém a tradição do Estado para as “coletâneas-vitrine”

MARCOS TOLEDO

Uma tradição que se tornou contínua desde os anos 90, a coletânea de música pernambucana ganha mais um exemplar: Pernambuco cantando para o mundo (independente, R$ 10).

O álbum, com 16 faixas, reúne fonogramas de Silvério Pessoa, Lenine, Zeh Rocha, Herbert Lucena, Geraldo Maia, Mônica Feijó, Maciel Melo, Josildo Sá, Cláudio Almeida, Maciel Salu, Tiné, Nena Queiroga, Lula Queiroga (com Pedro Luís), Maurício Cavalcanti, Eddie e Alex Mono.

Palco de diversas insurreições como a Guerra dos Mascates (1710-1711), a Revolução de 1817 e a Revolução Praieira (1848-1852), Pernambuco tem mesmo essa inquietação que instiga as pessoas a nadar contra a maré quando o curso do rio parece não mais querer desaguar no mar e ganhar o mundo (sua vocação como cidade-estuário). E o que é que isso tem a ver com a música?

Quem tem pelo menos 20 e tantos anos de idade deve lembrar que em quase cada bairro do País havia pelo menos uma loja de disco. Hoje, seja por causa da internet, da pirataria ou qualquer outra tecnologia (isso é tema para outra discussão interminável), só restaram os comerciantes (mascates?) românticos, que ainda acreditam no potencial comercial da hoje bolachinha prateada.

Mais raro ainda é um comerciante-mascate como esse investir em algo que não seja colocar seu produto na prateleira e, no máximo, no toca-disco para divulgar um ou outro produto no som ambiente. Quanto mais produzir um CD com os carros-chefe da música da cidade ou do Estado!

“Coletâneas-vitrine” como a da Passa Disco – loja que completa três anos no próximo dia 12 – vêm sendo produzidas com freqüência desde os anos 90. Os mais ligados na coisas da terra já deve ter tido contato com álbuns como Liberdade de expressão, Recife rock mangue, Recife festival pop, Coco do Amaro Branco, Maracatu atômico, Poetas da Mata Norte e Música de Pernambuco (esta atrelada ao site www.musicadepernambuco.pe.gov.br), outras, frutos de festivais como Alto falante, Pernambuco em concerto e Abril pro rock, ou de trilhas sonoras, a exemplo de Enjaulado e Baile perfumado. Todas, umas mais que as outras, tiveram um papel importante ao reunir num único projeto canções de artistas que, a despeito de qualquer gosto pessoal, representam o que há de mais novo sendo feito no Estado.

A simplicidade é a marca de Pernambuco cantando para o mundo (o título é um trocadilho com um slogan da Rádio Jornal do Commercio: “Pernambuco falando para o mundo”). O CD surgiu da necessidade dos clientes da Passa Disco, especialmente turistas, de comprar um único álbum no qual constassem vários artistas da terrinha. O proprietário, Fábio Cabral, agrônomo autônomo de 43 anos, trocou idéias com alguns intérpretes e compositores dos quais obteve o aval para fazer a coletânea.

“Todas essas músicas são gravações independentes”, explica Fábio. Algumas, segundo ele, estão editadas e o empresário só conseguiu a liberação de A telefonista na floresta predial, de Lula Queiroga, gentilmente cedida pela editora Humaitá (RJ). Outras tiveram que ser trocadas. Os 16 fonogramas reunidos foram remasterizados com o apoio do Fábrica Estúdios e prensados em mil cópias com o patrocínio da Chesf.

O disco contempla ritmos como ciranda, samba, forró, cavalo-marinho e frevo, mas é o pop que dá a unidade. “Tem uma mistura, mas é coerente”, explica o produtor. “E isso dá retorno”, completa Fábio. “Você acorda as pessoas, e não é tão difícil. Tanto que pretendo continuar. Todo ano quero fazer uma”.

(© JC Online)


Agremiações ganham novas canções

Se há alguém que pode carregar o título oficial de “amante do frevo” este atende pelo nome de Inaldo Moreira. Aos 69 anos, esse engenheiro químico com doutorado em economia hoje se dedica apenas à divulgação da música do Estado – em especial o frevo –, seja no programa Carnaval pernambucano, que apresenta de segunda a sexta-feira na Rádio Universitária AM (820 kHz), das 9h às 10h, ou nas coletâneas que edita anualmente com suas próprias composições.

Os discos – os quatro volumes da série Frevos de rua do novo milênio, além de Choros nº 1 –, produzidos de 2001 a 2005 com recursos próprios, têm como marca a excelência em qualidade desde a escolha dos intérpretes até o produto final. Este ano, o autor conseguiu patrocínio da Chesf para concretizar um projeto pessoal mais audacioso: o álbum duplo Coral Edgard Moraes interpreta Inaldo Moreira que, a exemplo dos anteriores, tem distribuição gratuita visando, principalmente, a divulgação de seu trabalho e do próprio frevo.

Compositor de 115 frevos e 87 choros, polcas, valsas, lundus e scottisches, Inaldo convocou para interpretar seu disco de frevos de bloco a Orquestra Lima de Cheiro, que ele chama de “orquestra virtual”, pois é formada por músicos contratados exclusivamente para o projeto, mas com os quais tem forte ligação afetiva.

Ao todo, são 18 instrumentistas de grande atuação na cena musical da cidade. Entre eles, figuram o maestro saxofonista Spok, a flautista Frederica Bourgeois, o contrabaixista Thiago Fournier, o violonista de sete cordas Alexsandro Sobreira e o bandolinista e também maestro Marco César.

Além da Lima de Cheiro, o CD conta com as vozes do Coral Edgard Moraes e a participação especial da cantora Dalva Torres em duas faixas. Gravado e finalizado no Fábrica Estúdios, o álbum mantém a tradição dos frevos de bloco aos quais o público pernambucano está acostumado, sem maiores intervenções de ordem estilística.

Os dois discos trazem 31 faixas, incluindo o primeiro frevo de bloco do compositor, Coral divinal, já gravado pelo Coral Edgard Moraes em seu CD de estréia. Em outras, o autor volta a homenagear amigos e vultos históricos, como em Escuta Heleno Ramalho, Mário Mello voltou e Estrela Dalva (uma das canções interpretadas por Dalva Torres).

Animado com sua produção, Inaldo Moreira conta que na próxima semana começa a gravar seu segundo disco de choros, e já garante para 2007 a continuidade de seus projetos com Frevos de rua do novo milênio 5 e Choros nº 3, para a alegria de foliões e chorões – principalmente os músicos, que podem acrescentar novos temas a seus repertórios. (M.T.)

(© JC Online)


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