Ele surgiu para o grande público no ano 2000, quando sua música Esperando na janela foi incluída na trilha de Eu, tu, eles, filme de Andrucha Waddington em que Regina Casé interpreta uma sertaneja polígama. De lá para cá, Targino Gondim viu sua carreira dar uma guinada de 180º, o que inclui turnê no eixo Rio-São Paulo, participação em programas de televisão e, claro, uma produção mais esmerada.

É esse músico repaginado que sobe hoje ao palco da Sala de Reboco para lançar o 13º disco de sua carreira e o segundo gravado ao vivo (o primeiro é Targino Gondim ao vivo, de 2004). Batizado de Forró pra todo lado, o novo álbum foi gravado no Teatro do Irdeb, em Salvador, e é fruto de um especial para a a televisão que ainda este ano deve virar DVD. “Como a captação do áudio ficou também muito boa, a Atração fonográfica me propôs o lançamento em CD”, conta Targino.

Esse detalhe explica muito do ritmo do CD. As músicas se sucedem naturalmente, sem cortes nem interrupçõos bruscas. “É totalmente ao vivo, não teve edição de nada”, explica Targino, estabelecendo o contraponto a muitos CDs que estão por aí, ao vivo, “pero no mucho”.

Trata-se de um bloco sonoro que poderia soar monolítico. Não é. E isso se deve ao repertório: além de canções do próprio Targino, fazem parte alguns clássicos – Ovo de codorna, Xote das meninas, Derramaro o gái, etc. – e músicas que, a princípio, não estariam na prateleira “forró”. É o caso de Romance da bela Inês e Espelho cristalino, de Alceu Valença. É verdade que nem sempre convence. Mas é verdade também que se trata de uma tentativa de alargar os horizontes do gênero.

A propósito, a diversidade do repertório poderia ser a razão do título do CD, Forró pra todo lado. Mas o próprio Targino aponta leitura diferente: “O título é por conta do bom momento que vive o forró, que está em todo lado, tocando para um público maior, em bares, casas de shows”, diz. Esse vento a favor pode ser a explicação para a regular agenda de shows do cantor, que não mais restringe ao período junino (“O Carnaval dos sanfoneiros”, nas suas palavras).

Mas é claro que o sucesso de Esperando na janela também ajuda, o que, paradoxalmente, acaba se tornando uma espécie de “peso”, que o músico não está disposto a carregar. “Às vezes as pessoas cobram um novo hit”, diz. “Mas eu não dou muito espaço para esse tipo de cobrança. Eu mesmo considero que tenho pelo menos umas 10 músicas melhores que Esperando na janela”. Quem quiser pode tirar a “prova dos nove” hoje à noite.

Show com Targino Gondim, na Sala de Reboco (Rua Gregório Júnior, 264, Cordeiro). A partir das 22h. Ingressos: R$ 10. Informações: 3228-7052